Por bferreira

Rio - A música transita entre sons, silêncios, reminiscências, harmonias, dissonâncias, versos e murmúrios de toda gente. Esta suprema arte é manifestada, sem exceção, por todos os povos da atualidade. A oralidade permitiu armazenar, zelar e sobretudo triunfar o som da música de domínio público ou de reconhecida autoria. Nesta trilha, a linguagem musical supera a palavra com o emprego de instrumentos, vozes e coros uníssonos.

No Brasil, os registros inaugurais da indústria fonográfica datam de 1902, quando foram editados os primeiros discos no Rio. Eram eles os chamados 78 rotações por minuto, de goma-laca, facilmente quebráveis. A tecnologia avançou para o vinil, mídia de plástico muito delicado, mas de disco mais resistente, que passou a rodar nas vitrolas do mundo a partir de 1948. Os CDs, comercializados após 1982, com camadas de acrílico, alumínio e policarbonato, permitem som acurado, límpido, consagrando novas ressonâncias e remasterizando as gravações e relíquias melódicas de outrora.

Plugados na rede, consideremos outros avanços. A internet forneceu ao homem um ritmo alucinante, uma maneira de se comunicar e ver o outro lado do mundo aqui e agora, em meio à alucinada lógica da corrida. Música e internet são recursos extraordinários e sofisticadas criações humanas. Assim lucubram pensadores como o sociólogo Manoel Castells, o geógrafo Yi-Fu Tuan ou o filósofo Paul Virilio.

Nos dias de hoje, as ferramentas de buscas são diversas, e navegar no Google, YouTube e tantos outros permite acesso a músicas de todas as épocas e gêneros. As tecnologias são múltiplas, como visto no streaming ou algum artefato agora, neste momento, sendo elaborado. Seja como for, em rotações, pausas e retumbâncias, os tons pertinentes a esses admiráveis expedientes culturais persistem no íntimo de cada um, bem como nos ambientes religiosos, cívicos, festas ou pertinentes aos sentimentos de afeição, desamor, solidão, paixões desenfreadas e de toda sorte ou mesmo nos funerais.

A onda avassaladora da pirataria tem perturbado, do ponto de vista da indústria fonográfica, a edição, os registros e a venda de discos. Mas, por intermédio de vários atalhos, ecos e transmissões, a arte sublime da música continua no ar.

João Baptista F. de Mello é coordenador dos Rot. Geográficos

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