Por felipe.martins

Rio - Sabe-se que a democracia é um regime caro. Mas que pelo menos funcione! O Congresso recentemente deu sinais controversos: ao mesmo tempo em que a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara aprovou o voto distrital para cidades com mais de 200 mil habitantes, seu plenário referendou a triplicação do Fundo Partidário, elevando-o a quase R$ 900 milhões — o equivalente ao orçamento anual do Ministério da Cultura!

Os parlamentares brasileiros vivem em palácios. Em Brasília e nas capitais, são como nababos sempre cercados de ‘aspones’ para abrir-lhes as portas, digitarem (se não redigirem) seus discursos e levarem envelopes, mochilas e malas daqui para lá e de lá para cá.

O Observatório da Comunicação Institucional, ONG focada na análise do discurso organizacional, fez levantamento ano passado sobre o que dizem ‘de si mesmos’ os partidos políticos brasileiros. Constatamos que está difícil para o cidadão perceber diferenças entre os 32 partidos que compõem o espectro eleitoral e fizeram parte das eleições de 2014. Há siglas ‘prontas’ esperando registro no TSE, como a Rede. E mais outras em gestação.

Tipicamente, o cidadão — obrigado a comparecer às urnas, pela lei eleitoral — deixa a decisão para a última hora, e fixa-se em nomes. Além disso, no máximo, guarda o número do candidato — porque é assim que se vota. Depois das eleições, esquece em quem votou... e que dirá do partido ou coligação?

E o eleitor fica completamente perdido para escolher em qual candidato votar se quiser achá-lo a partir de um partido. O que deve fazer? Procurar um diretório de partido em sua cidade ou bairro? Telefonar? Entrar no website da agremiação política? Buscar no Google?

O relatório final da pesquisa não mostra qualquer viés, escolha ou crítica da Babel, a qual iguala a todos que, ao prometerem tudo, nada dizem de claro sobre suas reais propostas – aquelas nas quais o eleitor depositará seu voto, para além de um nome e um número, que pela legislação atual basta, uma vez que o partido é que definirá quem assume os cargos nas eleições proporcionais. Ou seja, você vota em “A” e o partido indica “Z” para a vaga legislativa.

Manoel Marcondes Neto é cofundador do Observ. da Com. Institucional

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