Por felipe.martins

Rio - Que seria mais bárbaro? As execuções ‘hollywoodianas’ propagandeadas pelo Estado Islâmico ou flagrantes de linchamento nas ruas do Rio disseminados pelo WhatsApp? Obviamente, as duas atrocidades se equivalem, sendo irrelevante discorrer sobre qual é pior. O grave, entretanto, é descobrir que o Brasil é o país onde mais se lincha no mundo, mais que qualquer outra nação dita fundamentalista. E os justicismos tendem a aumentar.

Estudo do sociólogo José de Souza Martins, da USP, produziu ampla estatística sobre casos de justiça com as próprias mãos, como O DIA mostrou neste domingo. O especialista resume bem a fase por que o Brasil está passando: “uma crise de desagregação social” alimentada pelo ódio.

Mas o grande volume de justiçamentos indica ainda uma crise — quiçá uma falência — das instituições, principalmente no que toca à confiança e à credibilidade delas. Por falhas amplamente conhecidas — insegurança, despreparo da polícia, Justiça lenta e sistema prisional insalubre —, perde-se a confiança no Estado como autoridade.

É preciso brecar urgentemente essa tendência, infelizmente algo que não se consegue da noite para o dia e sem trabalho árduo. E justamente o que motiva o barbarismo nas ruas, as instituições enfraquecidas, é o caminho para extirpá-lo: polícia cidadã nas ruas, Justiça ágil, prisões voltadas à reinserção. O que não pode é o Brasil afundar-se de vez na violência intolerante e virar um Estado sem lei.

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