Rio - A tomada de Constantinopla pelos turcos otomanos, em 1453, pôs fim ao Império Romano do Oriente, marcou o fim da Idade Média e impulsionou europeus na busca por novas rotas visando às riquezas das Índias (Ásia). Assim, Bartolomeu Dias cruzou o Cabo da Boa Esperança em 1488, Pedro Álvares Cabral costeou as terras do Brasil em 1500, e Fernão de Magalhães atravessou o estreito que leva seu nome em 1520. As riquezas cobiçadas da Ásia estimularam os navegadores e deram início à pilhagem mundial. A globalização se iniciou com as Grandes Navegações. Os holandeses que colonizaram a África do Sul, depois da presença portuguesa, representavam os mesmos interesses dos que ocuparam o Nordeste brasileiro durante a União Ibérica e que, expulsos, foram para as Antilhas e para Nova York. Não eram nacionalidades que promoviam as conquistas e ocupações. Era o capital que, tal como gafanhoto, não tem morada nem pátria e destrói tudo por onde passa.
Sem riqueza que pudesse despertar cobiça, o Oriente Médio subsistiu sem sustos até o século 19, quando o petróleo foi descoberto e passou a ter valor como fonte energética. Não demorou para que as potências estimulassem guerras a fim de se apossar das riquezas de lá. Em meio aos massacres dos cristãos, a Igreja patrocinou a vinda de imigrantes sírios para o Brasil, que chegavam com passaporte turco e assim eram chamados, enquanto mascateavam ou montavam suas lojinhas.
Em meio à disputa pela partilha do Império Otomano, um jovem sérvio matou, em 1914, o herdeiro do Império Áustro-Húngaro, começando a 1ª Guerra Mundial. Após o conflito, a região foi submetida ao domínio inglês; depois da 2ª Guerra Mundial, à hegemonia estadunidense. Mas comprar petróleo gasta dinheiro, e os países do primeiro mundo preferem o petróleo roubado, que é mais barato. Por isso desestabilizam a região, enfraquecem o poder estabelecido, armam mercenários para derrubar governos e se apossam do petróleo. Pouco lhes importa o custo em vidas humanas. A desumanização no Oriente Médio não começa por lá, mas de onde é fomentada, notadamente dos Estados Unidos e da Europa. O pré-sal está sujeito à mesma cobiça, mas os mercenários daqui são armados com empresas de comunicação e instituições jurídicas a seus serviços.
João Batista Damasceno é doutor em Ciência Política e juiz de Direito