Por felipe.martins

Rio - O olhar da população sobre a PM é ‘viciado’, ou seja, visto por um só ângulo, que é o sensacionalista, que valoriza os erros. É movido pela ‘indústria do caos’, que exalta o ruim e pouco avalia o outro lado da moeda, como o fato de, de 2014 pra cá, um PM ter sido morto a cada 40 dias nas áreas das UPPs. Só neste ano foram 53 feridos e sete mortos. Realidade abafada pelas manchetes dos casos polêmicos envolvendo a corporação.

Semana passada, por exemplo, a morte do soldado Caio Cesar só mereceu destaque devido à sua participação como dublador do personagem Harry Potter. Entretanto, já em 2011, quase quatro mil agentes de segurança, entre PMs, bombeiros e policiais civis entravam no auxílio-invalidez. Certamente, hoje, esse número é maior. Histórias anônimas de famílias inteiras que tiveram suas vidas transformadas pela perda ou incapacidade do seu mantenedor, tornando-se não só incapaz de exercer suas funções, mas dependente dos familiares.

Se a sociedade sofre com a atual crise do país, essas famílias sofrem com a perda ou invalidez do chefe da casa. Um tormento diário, porém ignorado por boa parte da população, que rotula uma categoria que está do mesmo lado, mas sem qualquer atenção dos defensores dos direitos humanos, trabalhistas, etc.
Por exemplo, PMs e bombeiros ativos do Rio e que ingressaram até maio de 2001 podem ganhar na Justiça aumento de até 28%, além de atrasados que podem ultrapassar os R$ 100 mil, dependendo do posto ou da graduação. Parece bobagem, mas a maioria não tem essa informação não só por ser algo específico à categoria, mas, talvez, pela certa má-vontade com esse público.

Mas a informação é importante, pois até os inativos que estavam em atividade até 2011 também fazem jus à correção, assim como pensionistas cujos pais, maridos ou companheiros estavam na ativa na época. Um benefício para aqueles que não receberam corretamente a incorporação aos vencimentos da Gratificação Especial de Atividade, criada em maio de 2000.

Enfim, Nelson Rodrigues dizia que “o brasileiro tem complexo de vira-lata”. Não quero que essa premissa seja válida para a questão tratada acima, pois há sim um isolamento que a sociedade, inconscientemente (ou não), impõe a esses profissionais.

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