Por felipe.martins

Rio - Diante dos complexos desafios no campo da Educação, o segundo segmento do Ensino Fundamental, que atende adolescentes, parece etapa esquecida em meio a tantos problemas com a alfabetização e o Ensino Médio. Para refletir sobre a escola com adolescentes, proponho repensá-la a partir do mundo em que vivemos hoje.

As “ novas tecnologias da informação e comunicação” (que não são mais tão novas assim) ocupam papéis centrais na configuração das sociedades contemporâneas e vêm produzindo impactos e transformações nos modos de vida das pessoas nas mais diversas instituições sociais, inclusive na escola. Outros modos de produção de conhecimento, valores e identidades, bem como uma nova produção de subjetividades, estão sendo constituídos em função das relações estabelecidas com essas mídias. Temos hoje nas salas de aula geração de adolescentes que já nasceu diante das telas dos computadores e celulares, tendo adquirido grande afinidade cognitiva e expressiva com a linguagem das novas tecnologias. Diante dessa conjuntura, que tipo de escola necessitamos para os jovens de hoje?

Sabemos que no modelo educativo atual, que possui um currículo extenso, que pouco dialoga com a realidade dos adolescentes e ainda é majoritariamente vertical e autoritário na relação professor-aluno, apenas introduzir as tecnologias utilizando-as como mero recurso didático pode reforçar ainda mais as dificuldades que a escola tem para se inserir na sociedade atual. Precisamos repensar esse modelo, integrando as novas tecnologias a um projeto político-pedagógico realmente novo, conscientes de que um dos papéis centrais da escola é promover espaços de diálogo e mediação com os e as adolescentes para que possam interagir com essas tecnologias de forma crítica e criativa, ensinando-os estratégias que deem sentido e transformem em conhecimento a enorme quantidade de informações disponibilizadas pelas mídias, desenvolvendo competências comunicativas que os tornem não somente receptores de conteúdos, mas também produtores e emissores. Esse parece ser um dos principais papéis da escola no mundo atual e talvez seja o único caminho para que ela passe a fazer sentido para os adolescentes do século 21.

Joana Milliet é gerente da Área de Educação do Desiderata

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