Por felipe.martins

Rio - A crise econômica brasileira, puxada pela crise do capitalismo, intensificada pela instabilidade política e agravada pelo pinga-gotas da Lava Jato, bloqueia empresas estratégicas para o país e afeta dezenas de grandes obras. Amplos e estratégicos setores da vida nacional, principalmente nas áreas da indústria de petróleo e naval, renascidas na política soberana de conteúdo nacional a partir do governo Lula, já sofrem seus efeitos, com demissões em massa.


É inaceitável que todo esse conflito sirva de pretexto para o conservadorismo emplacar agenda, derrotada nas quatro últimas eleições, de afronta aos direitos dos trabalhadores. A entrega do controle das reservas (cada vez maiores) de petróleo do pré-sal para concorrentes estrangeiras, o desmonte da política de conteúdo nacional da Petrobras e o retrocesso nas conquistas sociais, por sua natureza entreguista, desmentem por si o que alguns chamam de boas intenções.


Seus receituários são os de viés neoliberal de sempre: a entrega do patrimônio público e “pau no lombo” do trabalhador, rebaixando salários por meio de medidas como a terceirização. É intolerável, da mesma forma, um ajuste fiscal que atinge apenas os trabalhadores, sem mexer com as grandes fortunas, heranças e a ciranda financeira dos juros altos que propicia recordes nos lucros dos bancos e enchem os bolsos dos rentistas.


O governo, assim como a Petrobras, não pode se dobrar a pressões espúrias, sob pena de vitimar ainda mais a classe trabalhadora, lembrando o ocorrido na Empresa Gerencial de Projetos Navais, que, alegando crise financeira, enviou cruéis telegramas para a casa dos funcionários comunicando suas demissões. Não bastasse ser, esta, uma empresa estatal que descumpre convenções coletivas e paga salários abaixo do piso, o que leva inclusive o sindicato a promover recursos jurídicos e ações políticas para barrar a afronta.


Os metalúrgicos do Rio, por sua tradição de lutas, estão em campanha salarial para garantir não só um aumento justo com ampliação de direitos sociais, mas também para cobrar do governo ações que assegurem emprego e renda, sem retirar direitos históricos. Compromissos estes, inegociáveis, assumidos na última campanha eleitoral.


Jesus Cardoso é presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do Rio

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