Por bferreira
Rio - Outro dia, zanzando pelo Leblon, dei com um cartum ao vivo: um morador de rua dormia enfiado dentro de uma caixa de papelão usada para embalar geladeira. Só apareciam os pés e as canelas do cara, que não cabiam na caixa. Uma seta indicava “Este lado para cima”. Se a caixa fosse colocada de acordo com a seta, o cara ficaria de cabeça para baixo. Lamentei não poder captar a cena numa câmera; um desenho nunca teria o mesmo impacto visual.

E antes que alguém pergunte por que não fiz a foto com celular, informo que o meu, anacrônico, não manda e-mail, não passa novela de TV, não tem GPS, não serve cafezinho, apenas — acredite se quiser — telefona.

Pelé na posse de Geisel%2C 1974 (por dentro e por fora do Palácio Alvorada)Reprodução

Não é o caso do Demo, um dos mais melhores cartunistas brasileiros, revelado pelo ‘Pasquim’ no fim dos anos 60. É dele um dos mais brilhantes cartuns que já vi. Desenhou uma cadeira e escreveu com o título ‘Máquina do tempo’. Se alguém não entendeu, explico: é só esperar sentado o tempo passar.

É também um talentoso fotógrafo. Foi diretor de fotografia de um filme do Hugo Carvana que virou cult: ‘Bar Esperança,o último que fecha’. Não adiante procurar Demo nos créditos do filme. Como fotógrafo, atende pelo nome de Edgar Moura. Muito esperto: os dois — Demo e Edgar Moura — racham o mesmo Imposto de Renda de Pessoa Física. Agora o cartunista está fazendo uma compilação das fotografias de humor feitas pelo fotógrafo. Sugiro batizá-las de cartumgrafias. O título do livro tem tudo a ver: ‘100 Fotos Cem Palavras’. Sem comentários.