Por pierre

Na década de 1920, estão registradas algumas das primeiras iniciativas de sistematização de informações sobre a incidência de câncer no mundo. De lá para cá, a medicina alcançou importantes avanços, porém a batalha contra a doença permanece como um enorme desafio. Dados da Organização Mundial da Saúde apontam que anualmente ocorrem 14 milhões de novos casos e oito milhões de mortes em todo o mundo. O cenário está longe de ser animador.

Somente em relação ao câncer de mama há 1,7 milhão de diagnósticos por ano e mais de 500 mil mortes no mundo. É o tipo que mais mata mulheres no Brasil. Por isso, é sempre motivo de esperança quando pesquisas como a do Instituto Wellcome Trust Sanger trazem informações. O estudo fez mapeamento que permitiu identificar que mutações no genoma humano são capazes de causar o tumor e os genes envolvidos nas alterações.

A descoberta gera otimismo, pois abre a possibilidade de que pessoas com a mesma doença possam receber tratamentos personalizados, considerando o gene e o tipo de mutação. Entretanto, é sempre importante destacar que, no câncer de mama, quando diagnosticado ainda na fase inicial, as chances de cura são mais de 95%. E, felizmente, a medicina tem na tecnologia importante aliada, a mamografia é capaz de identificar tumores ainda muito pequenos, bem antes de se tornarem um risco para a mulher.

Porém, por mais contraditório que pareça, o exame sofre preconceito das próprias mulheres. Há quem evite a mamografia devido à dor que ela provoca ou à vergonha de expor o corpo na frente do médico. Há também o medo da exposição anual à radiação, apesar do procedimento ser comprovadamente seguro e indicado pelos melhores especialistas como a principal forma de prevenção. O resultado é que muitas mulheres acabam recorrendo ao exame somente quando percebem algum sintoma, o que normalmente indica que a doença está em estado avançado.

Apesar da facilidade ao acesso à informação que temos hoje, mitos e preconceitos permanecem como barreiras ao trabalho de profissionais da saúde. Vencer essa batalha é um dos mais difíceis desafios da medicina, pois, para essa, pesquisas não resolvem.

Ana Claudia Rodrigues é radiologista do Centro de Medicina Nuclear da Guanabara

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