Por thiago.antunes
Rio - O cabeleireiro Luiz Antônio de Jesus, de 49 anos, que foi espancado no banheiro da Boate Queen, em Jacarepaguá, domingo, não resistiu ao traumatismo craniano causado pelas agressões e morreu às 15h30 desta terça-feira, na UTI do Hospital Lourenço Jorge, na Barra da Tijuca. Segundo familiares, ele era gay.

Em nota, a dona da boate, Jade Lima, lamentou a morte do cabeleireiro e negou que tenha havido qualquer agressão por parte de funcionários da casa noturna. Segundo ela, Luiz Antônio foi vítima de uma queda. Desolada com a morte do irmão, Angelina clamava por justiça. “Isto é um absurdo! Como uma queda seria capaz de desfigurar uma pessoa daquela forma?”, questionou.

A Divisão de Homicídios assumiu o caso e apura como crime de homofobia, seguindo a portaria 574, criada em 2012 pela Chefia de Polícia Civil.

Boate Queen%2C em Jacarepaguá%2C foi interditada para a realização de perícia%3A vítima agredida em banheiroAlexandre Vieira / Agência O Dia

Horas antes de a morte ser confirmada, o delegado Antônio Ricardo, da 32ª DP (Taquara), ouviu depoimentos de familiares da vítima e de funcionários da casa noturna, que costuma ser frequentada pelo público LGBT. Ele também analisou imagens de câmeras de segurança do estabelecimento. O caso foi noticiado com exclusividade pelo DIA na edição desta terça-feira

Na noite seguinte ao crime, outro frequentador disse ter sido vítima de comportamento homofóbico no mesmo banheiro. E acusou um segurança de tê-lo retirado do local, após ter paquerado esse funcionário. O segurança negou e foi liberado após prestar depoimento.

Enquanto o inquérito esteve na 32ª DP, a principal linha de investigação era de lesão corporal grave cometida para o roubo dos pertences do cabeleireiro.

Luiz ficou em coma e não resistiu aos ferimentos Reprodução

“O casaco de couro que ele vestia e o celular foram levados, mas não acredito que isto tenha motivado a barbaridade que foi feita. Tanto é que a carteira, com documentos e dinheiro, foi encontrada dentro da calça jeans”, argumentou Angelina de Jesus, uma das irmãs da vítima.

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Organizações prestam solidariedade
Não demorou para que a solidariedade chegasse a familiares de Luiz Antônio. Antes mesmo da morte, representantes do Centro de Referência e Promoção à Cidadania LGBT, vinculado à Prefeitura do Rio, ofereceram apoio jurídico e psicológico à família.
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“Quem sofre uma violência desta natureza demora para se restabelecer socialmente. Mesmo com a morte, oferecemos todo respaldo à família, que também é lesada em um episódio como este”, garantiu a coordenadora do órgão, Sheila Corrêa.
O sepultamento do cabeleireiro, que era homossexual assumido, de acordo com familiares, será custeado pelo Rio sem Homofobia, do governo do estado. Luiz Antônio de Jesus será enterrado nesta quarta-feira, no Cemitério do Pechincha, em Jacarepaguá.
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Carlos Tufvesson, coordenador especial da Diversidade Sexual da prefeitura, também ofereceu auxílio do setor jurídico e fez um apelo àqueles que estavam na casa noturna no momento do crime através de uma rede social na internet:
“Peço encarecidamente para que qualquer pessoa que estava na Queen: ajude para que esse crime não fique impune. É a impunidade que traz a banalização da vida do ser humano”, escreveu. Segundo familiares, a vítima encontrava-se com a saúde debilitada.