Rio - Agências bancárias, bancas de jornais e prédios históricos sofreram nas mãos de alguns vândalos que se misturaram aos cerca de 10 mil manifestantes que lotaram o Centro do Rio, nesta quinta à noite, contra o aumento da passagem de ônibus.
Ao contrário do que aconteceu em São Paulo, onde os atos foram marcados por confrontos violentos entre a polícia e os jovens, houve confusão rápida só no fim da passeata, quando parte dos manifestantes seguia para a Central.
Prédios históricos foram danificados e edifícios tiveram janelas e portas quebradas. Bancas de jornais também foram pichadas. O deputado Paulo Melo (PMDB), presidente da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), emitiu nota de repúdio aos atos de vandalismo ocorridos durante o protesto desta quinta. A Alerj teve as paredes pichadas.
No texto, a casa diz que "sempre defendeu este tipo de manifestação, por entender que faz parte do processo democrático que sustenta o Estado de Direito". Contudo, a nota ressalta os atos contra patrimônios públicos.
"A Casa, porém, repudia qualquer forma de vandalismo, em particular aqueles que atentam contra o patrimônio histórico e público. Entendemos que é dever de todos, autoridades e cidadãos, proteger estes bens, que pertencem não a indivíduos, mas à sociedade como um todo”.
Protesto termina com presos e feridos
Um estudante levou tiro de borracha no olho esquerdo, e um PM foi atingido com pedrada na cabeça. Um terceiro manifestante se feriu. Segundo a Polícia Militar, 16 pessoas foram detidas e encaminhadas à 5ª DP (Mem de Sá), mas a Polícia Civil informou que somente duas prestaram esclarecimentos O protesto começou às 17h na Candelária e seguiu, primeiramente, para a Cinelândia.
O estudante Philippe Brissant de André de Lima, 20 anos, levou o tiro quando estava próximo à Rua Uruguaiana. “Estava perto dele. Quando olhei para trás, vi um policial atirar à queima-roupa. Pura covardia. Ele só protestava”, afirmou o advogado André de Paulo, que estava no movimento e ofereceu assistência jurídica ao jovem, levado para o Hospital Souza Aguiar.
A Avenida Rio Branco ficou interditada por uma hora, quando começou a manifestação e, no final, quando cerca de 200 homens do Batalhão de Choque chegaram para dispersar pequeno grupo.
Os jovens ficaram frente a frente com os policiais, que estavam com escudos. As fachadas da Assembleia Legislativa (Alerj) e da Igreja de São José, na Av. Presidente Antônio Carlos, foram pichadas.
Na Central, jovens que se diziam do movimento atearam fogo a montes de lixo. Um grupo teria sido detido.
“Como diz uma das nossas faixas, se a passagem não baixar, o Rio vai parar. Não vamos encerrar os protestos até a tarifa ser reduzida”, prometeu o universitário Tadeu Alencar, 26. A maioria dos manifestantes era de estudantes, mas o ato atraiu simpatizantes como o aposentado Sérgio Luiz Santos, 61, que segurava cartaz com a frase ‘Não me bata, proteja-me’: “Sou povão e sofro na pele o que representa este aumento da passagem, por isso estou aqui.”
Gás de pimenta e lacrimogêneo
A tensão que marcou o fim da manifestação, na Avenida Presidente Vargas, dividiu de um lado o Batalhão de Choque, com escudos, e policiais do 5º BPM (Praça da Harmonia), e do outro, o grupo.
Algumas pessoas ficaram assustadas e buscaram refúgio dentro de agências bancárias, hotéis e bares.
Para conter o tumulto, a polícia usou gás de pimenta e lacrimogêneo e fez disparos para o alto. Nesse momento, o grupo jogou flores em resposta. O clima ficou tenso quando manifestantes tentaram depredar a Delegacia de Proteção a Criança e Adolescente. Várias agências bancárias foram quebradas por grupo menor.
No percurso até a Alerj, alguns jovens picharam pontos de ônibus, prédios e bancos com as frases “R$ 2,95, não”, e “Fora Cabral”.
Antes da confusão, a manifestação transcorreu pacífica. De prédios foram jogados papéis picados em apoio. O medo de confronto com a polícia fez com que grupo cedesse máscaras. A passagem passou de R$ 2,75 a R$ 2,95 no dia 1º.