Por cadu.bruno

Rio - O protesto no Centro de Bangu começou com tudo para dar uma lição de cidadania, mas como os do Centro do Rio na semana passada, acabou em confusão. Das cerca de 800 pessoas que participaram, 32 foram detidas. A polícia apreendeu coquetéis molotov, pedras e pedaços de pau. Um grupo de cerca de 15 pessoas chegou a ser encaminhado para a delegacia dentro de um carro blindado da polícia — o caveirão.

Os manifestantes se reuniram em frente à Igreja Santa Cecília, na Praça da Sé, por volta das 15h. Um carro de som foi usado para discursos. Além dos protestos por Saúde, Educação e contra a Copa, os manifestantes pediam investimentos no Estádio de Moça Bonita, no bairro.
Segundo o comandante do 14º BPM (Bangu), Carlos Sarmento, o policiamento na região foi feito por 200 policiais com auxílio do blindado e helicóptero da PM.

Grupo de 32 suspeitos detidos%2C durante tumulto que pôs fim a protesto ordeiro no Centro de Bangu%2C foi levado para a 34ª DP no carro blindado da políciaMarcos Cruz / Agência O Dia

FOGOS E PEDRADAS

O comércio no bairro foi fechado pelo segundo dia consecutivo (na sexta-feira por boatos). O Bangu Shopping fechou e teve os vidros cobertos por tapumes. Os policiais bloquearam o acesso ao Calçadão. A manifestação corria bem, inclusive com crianças tirando fotos com policiais, quando às 17h, um homem falou ao microfone que algumas pessoas queriam confusão. Houve correria e tentaram fechar a Rua Francisco Real. Fogos de artifício ‘cabeção de nego’ e pedras foram jogadas.

Arruaceiros corriam na Rua Francisco Real. Um grupo foi detido, segundo policiais, tentando assaltar. Outros foram presos tentando arrombar o Centro Comercial Popular de Bangu. Foram levados para a 34º DP (Bangu). “A manifestação estava pacífica, ordeira. Como tem ocorrido, vândalos infiltrados junto a pessoas de bem vieram com intuito de causar roubos e saques. Neste momento, o movimento precisa ser repensado para que pessoas de bem não sofram consequências desses indivíduos. O que eles estão fazendo é um retrocesso”, afirmou o comandante Sarmento.

O policiamento na região foi reforçado com 90 homens dos batalhões de Irajá, Santa Cruz e Rocha Miranda. Não houve saques. Lixeiras foram arrancadas.

Justiça nega pedido de prisão para cinco

A Justiça negou, neste sábado, o pedido de prisão temporária feito pela 5ª DP (Mem de Sá), de cinco suspeitos de vandalismo contra o prédio da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), no último dia 17.

O pedido foi feito com base em filmagens e fotografias, mas foi recusado porque não foi informado o nome dos acusados, só características físicas.

Um deles aparece tentando quebrar a janela do prédio com uma cadeira. Outro, com coco na mão, integra o grupo que agrediu um PM. O terceiro pichava a parede e outros dois incitavam os vândalos, com garrafa e coco nas mãos. A polícia pede a quem tiver informação que ajude a identificar o grupo de vândalos que atuou na Alerj por meio de ligação anônima para o Disque-Denúncia (2253-1177).

SUSPEITO JÁ CUMPRE PENA

Com passagens pela polícia por lesão corporal, injúria e cumprindo pena de prisão domiciliar por furto, o estudante Cláudio Roberto Borges de Souza, 32 anos, foi detido em casa pela polícia do Distrito Federal. Ele foi identificado como sendo um dos vândalos que depredaram o Palácio do Itamaraty, sede do Ministério de Relações Exteriores, durante os protestos da última quinta-feira.

Policiais chegaram até ele por meio de imagens divulgadas pela imprensa. Nelas, Cláudio aparece arremessando um coquetel molotov contra a vidraça do Palácio. O estudante é de uma família de classe média, no Plano Piloto, em Taguatinga.

Sem o flagrante, o suspeito prestou depoimento e foi liberado. Ele disse estar arrependido e que vai responder por seus atos. De acordo com o Itamaraty, 62 vidraças e uma mesa foram quebradas. As pichações ao prédio já foram removidas. Além dele, outros seis suspeitos, com idades entre 18 e 25 anos, foram identificados, sendo que três foram denunciados pela população.

Buzinas em apoio a acampados no Leblon

Cerca de 40 pessoas continuaram neste sábado acampadas na esquina da Avenida Delfim Moreira com a Rua Aristides Spínola, próximo ao prédio em que mora o governador Sérgio Cabral, no Leblon. Motoristas que passavam e aprovavam o protesto buzinavam a pedido de grupo.

Manifestantes fazem vigília na porta do prédio do governador Sérgio CabralOsvaldo Praddo / Agência O Dia

No início da noite, manifestantes marcaram novo ato para amanhã às 10h em frente à Câmara do Rio para pressionar vereadores a a abrirem a CPI dos Ônibus, que já conta com assinatura de 10 vereadores, mas faltam, sete.

Os manifestantes disseram que a vigília só vai acabar de vez quando o governador se pronunciar sobre gastos com o Maracanã, as relações com a Construtora Delta e a ação da polícia nos protestos. Há informações de que Cabral não passou o fim de semana em casa, mas não foi esclarecido onde ele estava.

“Nossa manifestação é simbólica. Não vamos dormir novamente. Queremos dizer: ‘Você está sendo vigiado”, afirmou o aluno de Direito da PUC João Pedro Menezes, morador da Gávea. O tráfego na via na ficou em meia pista. Grupo de motoqueiros fez protesto da Barra à Zona Sul, passando pela vigília. Está marcada para este domingo manifestação à tarde em Copacabana.

Bolas pintadas contra mortes

Em protesto contra os investimentos do governo com a Copa e as Olimpíadas, o Movimento Rio de Paz fincou 500 bolas pintadas com cruzes vermelhas na areia da Praia de Copacabana. Segundo Antônio Carlos Costa, fundador do movimento, cada bola representa 10 mil dos 500 mil assassinados nos últimos 10 anos no País. “Queremos o padrão Fifa na Segurança, Educação e Saúde”, disse. O filho de Antônio Carlos foi detido e liberado em protesto no Centro semana passada.

Manifestação fecha estação do BRT

Cerca de 300 pessoas, a maioria jovens, participaram de uma manifestação em Guaratiba, na Zona Oeste, na tarde deste sábado. De acordo com a PM, eles saíram de Pedra de Guaratiba. Segundo a Prefeitura, o grupo fechou a estação do BRT Mato Alto por alguns minutos.

Estação BRT fechada durante manifestaçãoReprodução Internet

Por conta disso, o serviço Santa Cruz x Alvorada do BRT Transoeste foi interrompido. O serviço já foi retomado e os passageiros embarcam normalmente. Não houve registro de violência ou depredação.

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