Rio - O protesto sem pauta que ocupa a Avenida Rio Branco, desde a tarde desta segunda-feira, ganhou contornos bizarros. Os líderes do movimento tentaram impor uma saudação nazifascista para os mil presentes. Com os braços estendendidos, alguns gritavam "Dias de luta, dias de glória". A maioria das pessoas não seguiu o ritual.
Os manifestantes ficaram sentados em um dos prédios na Avenida Rio Branco, com cartazes e dizeres "#vemprarua" "Não aos partidos!" e "Não culpem os jornalistas, culpem a imprensa".
No local, houve breve princípio de tumulto quando um homem tentou roubar um celular. Ele foi contido por manifestantes e preso por PMs. O caso seguiu para a 5ª DP (Mem de Sá).
A manifestação terminou na escadaria da Câmara de Veradores, na Cinelândia, sem confronto com a polícia.
Manifestação sem pauta
Cerca de 500 manifestantes ocuparam, na tarde desta segunda-feira, a Avenida Rio Branco, no Centro de Rio. No entanto, ao contrário dos últimos protestos que, entre outras demandas, lutou pela dimuição das tarifas de ônibus na cidade, este não teve uma pauta definida. Os organizadores, o professor José Ferreira, 37 anos, e Maicon Freitas, 31, não souberam explicar os motivos da nova passeata.
"Estamos aqui pelo povo e não temos partido", limitaram-se a declarar os dois. Perguntados se manifestantes com bandeiras poderiam entrar no protesto, os dois foram taxativos: "Podem, desde que respeitam as nossas bandeiras". No entanto, a dupla também não soube expôr quais são as bandeiras levantadas no ato.
Muitas pessoas que chegaram ao local imaginaram se tratar da passeata do Fórum de Luta contra o Aumento das Passagens. "Não sei o que está acontecendo, mas já vi que essa não é uma manifestação que pensávamos que fosse", disse um estudante que não quis se identificar. Muitos vieram por convocação via Facebook. Em algumas faixas, foi possível ler: "Somos contra os partidos".
Muitos usavam máscaras. Durante o dia, eles receberam críticas de outros grupos na internet, que tentavam esvaziar o ato. No meio do trajeto pela Rio Branco, o grupo mostrou que tinha estrutura. Do alto de um dos prédios, foram projetadas imagens e expressões que davam cara ao grupo. Frases como “cura gay é coisa de viado” e “não culpem os jornalistas, mas os jornais”, refletiam a ideologia dos organizadores.
Eles foram acusados de serem neonazistas. Quando questionados sobre, gaguejaram e preferiram se esquivar. "Não é hora de falar sobre isso, deixa pra lá", afirmou um deles.
O tráfego ficou lento na região, por conta da interdição da Rio Branco com a Avendida Presidente Vargas. A Guarda Municipal, CET-Rio e PMs acompanharam. O Fórum de Luta contra o Aumento das Passagens fará uma plenária nesta terça-feira no Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCS) para decidir os rumos do movimento.
Bonsucesso reúne 300
Cerca de 300 manifestantes pararam o trânsito na Avenida Brasil, na altura de Bonsucesso, Zona Norte do Rio, na noite desta segunda-feira. Eles se concentraram na Praça das Nações, caminhando de um lado para o outro e gritando palavras de ordem.
A maioria é muito jovem e ninguém soube explicar a pauta do protesto. Os presentes gritaram palavras de ordem e atravessaram a via expressa algumas vezes e retornando para a Praça.
Um manifestante soltou um rojão, que provocou breve corre-corre, momento em que os presentes pediram pela não violência no ato. Uma tropa de choque do 22º BPM (Maré) acompanha o protesto. Até o momento, não há registro de incidentes.