Por nara.boechat

Rio - Nada de Pão de Açúcar, Corcovado ou Santa Teresa. Em dia de manifestação, estrangeiros têm trocado os tradicionais pontos turísticos do Rio de Janeiro pelas passeatas. A luta contra a corrupção e por mais investimentos nas áreas de saúde, transporte e educação foi apontada pelos turistas como o motivo mais forte para também saírem às ruas.

A sueca Frida Nilsson,de 26 anos, interrompeu seu roteiro de férias no Brasil para engrossar o ato de quinta-feira, na Candelária: “Fiquei sabendo pelo Facebook e achei legítimos os protestos contra corrupção, altas tarifas de transportes e gastos excessivos com a Copa do Mundo”.

Finlandeses e canadenses%2C levados por amigos brasileiros%2C reforçam o coro da cidadania no Centro do RioDivulgação

Os franceses Julian Maza, 31, e Guillaume Voelckel,32, também foram para a manifestação, mas fizeram críticas. “Em Paris, há muitas manifestações, mas ninguém cobre o rosto”, disse o professor de Educação Física Julian.

A professora universitária americana Emily Peine, de 37 anos, também foi à manifestação para brigar por melhorias no Brasil, em setores estratégicos como transportes. “Os impostos brasileiros são muito altos em comparação dos investimentos feitos. Estive em algumas áreas rurais para pesquisar a agricultura brasileira e vi que as estradas estão péssimas”, argumentou a turista americana.

A portuguesa Flavia Fonseca, 22, e a canadense Gabrielle Desrosiers, 21, estudantes de Serviço Social, também resolveram se juntar aos brasileiros nas reivindicações, mas ficaram receosas com o forte aparato policial. “Tem mais policiais do que manifestantes, o que é uma forma de intimidar, desrespeitando o direito de manifestar. Estamos com medo de sermos presas e deportadas, já que os policiais estão prendendo todo mundo sem distinção”, disse Gabrielle, assustada.

Embaixadas demonstram preocupação

Apesar da grande adesão de turistas às manifestações, embaixadas têm feito alerta a seus cidadãos para evitar os protestos. A Embaixada dos EUA em Brasília frisou que, embora a maior parte dos atos tenha caráter pacífico, polícia e manifestantes foram feridos em confrontos.

“A resposta da Segurança tem sido dosada, mas a polícia tem usado táticas de controle de multidões, incluindo bombas de gás lacrimogêneo e unidades da cavalaria”, informam autoridades americanas.

O Ministério de Assuntos Exteriores da Espanha informou que “foram constatados incidentes violentos liderados por grupos minoritários” e recomendou a consulta a jornais para evitar áreas de confronto.

Cancelamento chega a 27,5%

A Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH) do Rio estimou que entre 17 e 24 de junho, período com manifestações, 27,57% das reservas foram canceladas no Centro, área onde houve grandes concentrações de pessoas.

O gerente do Albergue Happy Rio, em Copacabana, Neto Oliveira, levou grupo de turistas para a manifestação de segunda-feira. Ele disse que muitos viram nos eventos um ato cultural e, por isso, quiseram assistir. “Eles acharam impressionante, principalmente, a quantidade de gente”. Gerente do El Misti Hostel, no mesmo bairro, Dario Alvares disse que hóspedes pediram informações sobre a segurança das manifestações.

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