Rio - Enquanto o Brasil dava um show de futebol vencendo a Espanha no Maracanã e conquistando o título da Copa das Confederações, do lado de fora do estádio as cenas eram de horror. Policiais e manifestantes, que entraram em confronto pouco antes de a partida começar, se enfrentaram na esquina da Avenida Maracanã com a Rua São Francisco Xavier até o início do segundo tempo, quando a situação foi controlada. O clima, no entanto, ficou tenso até o fim do jogo.
Um helicóptero da PM ajudou no patrulhamento, assim como a Força Nacional. O resultado foram vários manifestantes e dois PMs feridos, além de 17 coquetéis molotov apreendidos. Apesar do tumulto, ninguém foi preso.
O confronto começou quando manifestantes jogaram pedras, garrafas de água e um coquetel molotov em um PM, que sofreu queimaduras na perna. A tropa revidou com gás lacrimogêneo, spray de pimenta e tiros de balas de borracha enquanto avançava contra o grupo, obrigando as pessoas a seguir na direção contrária ao Maracanã. Para evitar que os manifestantes escapassem do cerco pelas ruas transversais, PMs também foram posicionados nas vias laterais. A multidão, então, correu para a Praça Varnhagen, mas lá também havia tropas.
O professor Hamilton Moraes foi ferido no olho esquerdo e levou nove pontos. “Estávamos sentados no chão e, de repente, a PM resolveu dispersar a multidão jogando bombas. Corri para o posto para me proteger e, quando saí, fui atingido e ainda tomei gás de pimenta na cara. Pensei que fosse morrer. Foi um absurdo”, reclamou ele. Um PM levou uma pedrada na cabeça.
Um blindado foi colocado no Largo da Segunda-feira, para onde correu a maioria dos envolvidos no confronto. O metrô da Saens Peña e a Avenida Maracanã, em ambos os sentidos, foram fechados. Os feridos foram atendidos por profissionais da saúde voluntários.
A primeira manifestação do dia foi de manhã, quando mais de cinco mil pessoas percorreram as ruas vizinhas ao Maracanã sem confrontos.
Críticas à PM e a manifestantes
Representantes de Direitos Humanos da OAB foram atacados com bombas de gás lacrimogêneo e spray de pimenta pela PM quando negociavam a saída de manifestantes encurralados numa rua. “Absurdo a polícia se comportar assim. A forma de a PM agir é sempre truculenta, nunca inteligente”, criticou o advogado Rodrigo Mondego. O coordenador do Núcleo de Defesa dos Direitos Humanos da Defensoria Pública, Henrique Guelber, admitiu que não foi possível na hora da confusão detectar se houve abuso por parte dos PMs: “A confusão partiu dos manifestantes”, disse o defensor.