Rio - Policiais militares que cercavam o Palácio Guanabara durante a manifestação nesta quinta-feira na sede do executivo estadual atiraram bombas de gás lacrimogênio e balas de borracha em direção aos mais de 400 manifestantes. A confusão começou após fogos de artifício serem apontados para dentro do Palácio. Ainda não há informações sobre feridos ou danos estruturais.
Após o tumulto, os PMs atiraram bombas em direções às ruas transversais à Pinheiro Machado, para que os ativistas não voltassem ao local. Os policiais ainda jogaram gás indiscriminadamente no sentido oposto da via, para dispersar a manifestação. Muitos correram para a Praia de Botafogo, onde os PMs ainda lançaram mais bombas no trecho da Rua Farani. A Prefeitura liberou a Rua Pinheiro Machado no sentido Zona Norte por volta das 21h10.
Uma hora depois a Pinheiro Machado voltou a ser interditada em ambos os sentidos. Os motoristas que seguem do Túnel Santa Bárbara para a Zona Sul são desviados para saída da Rua das Laranjeiras. No sentido Catumbi, o acesso ao túnel também é feito pela Rua das Laranjeiras. Agentes da CET-Rio orientam os motoristas no local.
As luzes na Rua Paissandu foram apagadas e, com a confusão, as palmeiras da via foram queimadas. Na Rua Marques de Piñedo, houve dois focos de incêndio, que já foram apagados pelo Corpo de Bombeiros. No Aterro do Flamengo foram registradas confusões entre policiais do Batalhão de Choque e membros do Black Bloc.
Protesto pede renúncia de Cabral
Um grupo de aproximadamente 400 manifestantes esperou pela presença do governador Sérgio Cabral em frente ao Palácio Guanabara, em Laranjeiras, na Zona Sul do Rio, na noite desta quinta-feira. As pessoas, em sua maioria jovens, pediram a renúncia de Cabral.
Além da efervescência dos protestos por todo o país por melhorias nos serviços públicos, o chefe do executivo estadual é acusado de uso abusivo de helicópteros oficiais. Segundo reportagem da revista Veja, o governador usou aeronaves para ir ao trabalho — em curta distância, de Laranjeiras ao heliponto da Lagoa —, e transportar pessoas que não estavam a serviço público.
Os manifestantes projetam a bandeira do Brasil no Palácio. Um grupo de pessoas mascaradas grita: "viva á revolução" e entra no coro contra o governador. Os manifestantes estão expulsando quem eles acreditam tratar-se de policiais disfarçados. De dois retirados, o primeiro era segurança da TV Globo e o segundo estaria armado e saiu correndo entre os ativistas. Segundo os manifestantes, ele foi visto entrando pela lateral do Palácio Guanabara.
De acorco com o Centro de Operações da Prefeitura do Rio, a Rua Pinheiro Machado está interditada, nos dois sentidos por causa da manifestação na via. Os motoristas que seguem do Túnel Santa Bárbara para a Zona Sul são desviados para saída da Rua das Laranjeiras. No sentido Catumbi, o acesso ao túnel também é feito pela Rua das Laranjeiras. Agentes da CET-Rio orientam os motoristas no local.
Cabral é investigado
O Ministério Público do Rio vai investigar o caso. Os deputados Luiz Paulo (PSDB), Marcelo Freixo (Psol) e Paulo Ramos (PDT) entregaram, na última segunda, uma representação no Ministério Público Federal contra o governador por crime de peculato. Além disso, eles entraram com outra representação no MP por improbidade administrativa.
O grupo também já recolhe assinaturas para abrir uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Alerj. Para Luiz Paulo, se as denúncias forem comprovadas, o governador fere os princípios de “razoabilidade, moralidade e eficiência” da Constituição.
Em Brasília, Cabral disse que não fez “estripulia” no uso de helicópteros: “Não sou o primeiro a fazer isso no Brasil, outros (governadores) fazem também, e faço de acordo com o cargo que ocupo. Não estou fazendo nenhuma estripulia, não é nenhuma novidade”.