Rio - Os aeroportos Santos Dumont e Galeão-Tom Jobim vão operar em esquema especial e receber reforços para atender o Papa Francisco, cardeais, arcebispos, bispos e os milhares de fiéis que chegarão à cidade na semana que vem para a Jornada Mundial da Juventude. As mudanças começam nesta sexta-feira e vão até dia 30, dois dias após o encerramento do megaevento católico.
Os dois aeroportos do Rio vão aumentar em 30% o número de funcionários das áreas de operações, segurança, manutenção e atendimento. Os peregrinos serão atendidos em português, inglês e espanhol. Para orientar os fiéis, a Infraero vai instalar placas de sinalização nos três idiomas. No setor C do terminal 1, haverá uma área de lazer para religiosos e fiéis com praça de alimentação, acesso gratuito à internet e pontos de autoatendimento.
Licitação: Justiça nega pedido do MP
A Justiça negou pedido do Ministério Público para que a Prefeitura do Rio cancelasse a licitação, programada para hoje, para contratação de assistência médica aos fiéis durante a Jornada. A juíza Roseli Nalin, da 5ª Vara de Fazenda Pública, entendeu que acatar o pedido da Promotoria de Tutela Coletiva era mais grave à imagem do país do que os R$ 7,8 milhões que serão gastos pelo município para custear os serviços médicos privados nos atos centrais da JMJ em Copacabana, Glória e Guaratiba.
“Pode gerar um cenário de absoluta insegurança e descrédito ao país, além de prejudicar milhares de pessoas que virão ao Rio”, diz na sentença.
Linha dura contra a pedofilia
O Papa reagiu às críticas à omissão da Igreja Católica diante dos escândalos sexuais envolvendo religiosos e endureceu as penas para crimes de pedofilia e lavagem de dinheiro no Vaticano. O Pontífice alterou o ‘Motu Proprio’, o Código Penal, aplicado a todos os funcionários da Cúria Romana, inclusive cardeais e diplomatas da Santa Sé. As mudanças nas leis penais foram anunciadas ontem em Roma pelo presidente do Tribunal do Vaticano, Giuseppe Dalla Torre.
A reforma introduziu pela primeira vez crime de tortura e especificou as atrocidades cometidas contra crianças e adolescentes. O novo código adota linha dura conta venda, prostituição, tráfico de pessoas, violência sexual, pornografia infantil e ato sexual com menores de idade. A lei equipara os abusos sexuais a pessoas com deficiência aos cometidos contra menores.
“O decreto nasce da constatação que, em nossos tempos, o bem comum está cada vez mais ameaçado pela criminalidade, pelo uso impróprio do mercado e pelo terrorismo”, escreveu Sua Santidade. Outro efeito desta reforma do Código é a abolição da pena de prisão perpétua, considerada pelo Papa inútil e desumana. A pena máxima agora é de 35 anos. Foi incluído item específico para os crimes contra a humanidade com penas severas para a prática de genocídio e apartheid (regime de segregação racial). As novas leis passam a valer em 1º de setembro.
Fica autorizado o confisco de bens e o congelamento de contas de suspeitos dentro do Vaticano. Na prática, mesmo que um funcionário cometa esses crimes fora dos muros do Vaticano, os tribunais da Santa Sé poderão julgá-lo. O jurista Dalla Torre disse que as novas leis atendem aos acordos internacionais assinados na ONU em relação aos direitos de crianças, crimes de guerra e luta contra o racismo.
Ontem, o Papa Francisco fez uma visita surpresa à garagem do Vaticano para ver se os religiosos estão atendendo a seu pedido para que usem carros modestos. “Meu coração dói quando vejo um padre usando o último modelo”, disse o Pontífice.