Rio - A Polícia Militar, em um exercício de truculência, atirou a esmo em manifestantes que voltaram a ocupar a Rua Pinheiro Machado, em frente ao Palácio Guanabara, pedindo a renúncia do governador Sérgio Cabral. Por volta das 22h, mais de mil pessoas retornaram à via e foram recebidas com balas de borracha e bombas de gás lacrimogênio.
Em protesto, moradores de prédios vizinhos bateram panelas em janelas e a PM reagiu atirando contra os edifícios. Muitas pessoas foram presas sem saber o motivo.
Os policiais, em sua maioria do Batalhão de Choque (BPCHq), estavam com os nomes cobertos na farda ou máscaras nos rostos. A via foi desocupada às 22h40. Vários populares ficaram feridos ou passaram mal com as ações da polícia e foram socorridos pelo Corpo de Bombeiros e médicos de hospitais próximos.
Muitas pessoas se trancaram em academias, lojas e edifícios. A Clínica Pinheiro Machado abriu a porta para abrigar manifestantes que pediram ajuda. Houve pânico, e o gás chegou a dominar o primeiro andar da unidade, obrigando quem tentou se abrigar a ocupar o segundo. O local teve ainda vidraças quebradas por balas de borracha. Isoladas lá dentro, pessoas pediram ajuda pelo celular.
Na Praça São Salvador, os PMs do Choque encurralaram manifestantes e revistaram grupos nas ruas adjacentes ao Palácio. Pedestres foram obrigados a deitar no chão. Mais tarde, um ônibus da polícia levou diversas pessoas. Inconformados, moradores dos prédios e populares tentaram intervir, pedindo pela soltura dos detidos.
A Rua Marquês de Abrantes, esquina com Paissandu, chegou a ser bloqueada por homens portando escudos.
Ainda não há informações sobre o número de feridos. De acordo com os primeiros informes, pelo menos 24 pessoas teriam sido encaminhadas à 12ª DP (Copacabana).
Cabral: 'Vandalismo não será tolerado'
O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, se pronunciou através de nota nesta quinta-feira após a manifestação em frente ao Palácio Guanabara, em Laranjeiras, na Zona Sul da cidade. O grupo chegou a pedir a renúncia do governador e houve tumulto entre manifestantes e policiais. A confusão se espalhou por várias ruas da região como a Senador Vergueiro e a Paissandu.
"O vandalismo não será tolerado no Estado do Rio de Janeiro. Grupos que vão para as ruas com o objetivo claro de gerar o pânico e destruir o patrimônio público e privado tentam se aproveitar das recentes manifestações legítimas de milhares de jovens desejosos de participar e aperfeiçoar a democracia conquistada com muita luta pelo povo brasileiro", declarou, reiterando o discurso que mantém desde o começo das manifestações no país.
PMs atiram bombas em manifestantes
Policiais militares que cercavam o Palácio Guanabara durante a manifestação na sede do executivo estadual atiraram bombas de gás lacrimogênio e balas de borracha em direção aos mais de 400 manifestantes, por volta das 20h. A confusão começou após fogos de artifício serem apontados para dentro do Palácio.
Após o tumulto, os PMs atiraram bombas em direções às ruas transversais à Pinheiro Machado, para que os ativistas não voltassem ao local. Os policiais ainda jogaram gás indiscriminadamente no sentido oposto da via, para dispersar a manifestação. Muitos correram para a Praia de Botafogo, onde os PMs ainda lançaram mais bombas no trecho da Rua Farani. A Prefeitura liberou a Rua Pinheiro Machado no sentido Zona Norte por volta das 21h10.
As luzes na Rua Paissandu foram apagadas e, com a confusão, as palmeiras da via foram queimadas. Na Rua Marques de Piñedo, houve dois focos de incêndio, que já foram apagados pelo Corpo de Bombeiros. No Aterro do Flamengo foram registradas confusões entre policiais do Batalhão de Choque e membros do Black Bloc.