Por raphael.perucci

Rio - As novas táticas de comunicação usadas pelo bando de aproximadamente 90 traficantes identificados pela polícia na Favela da Rocinha, em São Conrado, acabaram facilitando o trabalho de investigação dos agentes da 15ª DP (Gávea) e da Unidade de Polícia Pacificadora Local. Para se corresponderem, os criminosos pouco se falavam por telefone, preferindo trocar mensagens via torpedos por celulares ou por redes sociais.

Ontem, mais dois suspeitos de pertencerem ao bando foram presos. Dos 58 mandados de prisão, 33 já foram cumpridos. “Monitorando textos por três meses, aos poucos montamos um quebra-cabeça sobre a movimentação do bando, sua maneira de atuar, usando os ‘fichas limpas’ (pessoas sem passagens pela polícia), e a localização de moradias dos bandidos”, comentou o delegado da 15ª DP, Orlando Zaccone.

Com um mapa de fotos dos procurados nas mãos%2C policiais revistaram veículos para conferir os documentosAndré Mourão / Agência O Dia



Num bate-papo interceptado em 19 de abril, um homem, que supostamente seria policial, alerta traficante sobre uma operação que Batalhão de Operações Especiais (Bope) faria na comunidade: “O Bope vai tá aqui amanhã. E está com fotos de vcs. Mete o pé. Os caras tem a missão de sumir com vcs. Fala para os amigos sairem fora (sic.)”, diz um trecho da conversa.

Já em seu perfil no facebook, Douglas da Silva, o Periquito, 22, um dos acusados já presos, usa como sobrenome a inscrição Kalashnikov, em alusão a Mikhail Kalashnikov, russo criador do fuzil AK-47. “Derruba o águia p.”, incita, numa postagem do dia 6 de junho, quando também exalta o chefe da quadrilha, Antônio Francisco Bonfim Lopes, o Nem, preso desde 2011. “Bonde Mestre Sempre”, escreveu na página.

Entre os presos na Rocinha%2C Vítor (terceiro da esq. para a dir.) e Vinícius (o quarto) participaram de invasão ao IntercontinentalSeverino Silva / Agência O Dia



Pente-fino

Policiais da UPP-Rocinha e da 15ª DP fizeram ontem uma operação pente-fino na favela, pacificada há dois anos. Com fotos dos procurados, os policiais averiguaram documentos e vistoriaram carros e motos o dia inteiro.

“Isso vai continuar até que todos os criminosos sejam presos”, avisou o comandante da UPP, major Edson Santos. Segundo a polícia, a quadrilha de Nem da Rocinha faturava mais de R$ 6 milhões por mês em 100 pontos de venda de drogas em vielas. Hoje, a 15ª DP deve pedir à Justiça que Nem, que está em presídio federao em Campo Grande (MS), seja colocado em regime disciplinar diferenciado, em cela isolada.

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