Rio - Wagner Moraes da Silva, de 20 anos, ferido no incêndio que atingiu a redação do jornal Voz da Comunidade e uma pousada do AfroReggae, no Complexo do Alemão, na Zona Norte, na madrugada desta terça-feira teve cerca de 30% do corpo queimado. A informação foi confirmada pela Secretaria estadual de Saúde. O caso ocorreu na Rua Joaquim de Queiroz, na Favela da Grota.
Wagner está internado no Hospital Getúlio Vargas, na Penha, também na Zona Norte. Segundo a assessoria de imprensa da Secretaria, Wagner está em obervação na UTI e seu estado de saúde é considerado estável.
Segundo José Junior, coordenador do Afroreggae, vizinhos contam ter visto um grupo de duas a quatro pessoas entrando no prédio na madrugada e saindo depois que ele estava em chamas. Junior acredita que Wagner da Silva possa ajudar a esclarecer o que aconteceu.
"Ele contou aos policiais e bombeiros que estava tentando apagar o fogo, mas não era funcionário do AfroReggae, e os moradores vizinhos não o conhecem".
Suspeita de incêndio criminoso
Dois homens entraram no prédio por um basculante. Eles roubaram um micro-ondas e um ar condicionado. Em seguida, teriam ateado fogo na redação do jornal. As chamas alertaram vizinhos, que acionaram os bombeiros. O terceiro andar, onde ficava localizada a redação, ficou completamente destruído.
O imóvel pertence à ONG há ao menos quatro anos e teria uma pousada destinada a estudantes intercambiários, que seria inaugurada no dia 5 de agosto. A ideia do projeto era trazer jovens para trabalhos sociais na comunidade.
"Tudo de mobiliário que estava no prédio foi destruído. Já estava tudo pronto. Poderíamos inaugurar hoje ou amanhã, mas estávamos esperando o fim das férias", contou José Júnior, que afirmou que o projeto não será abandonado.
“Fomos acordados com o incêndio criminoso da pousada do AfroReggae no Alemão”, escreveu Junior no Twitter ainda durante a madrugada.
Dono do Voz da Comunidade, o estudante Rene Silva postou uma foto no Facebook da redação destruída pelas chamas. "Nem tão bom dia assim, redação do voz da comunidade amanhece assim nesta terça-feira", escreveu. A redação foi um presente do programa “Caldeirão do Huck”, em 2010.
O jornal ganhou notoriedade durante a ocupação policial no Complexo do Alemão, em novembro de 2010, quando René dava informações em tempo real por sua conta no Twitter.
Internautas manifestaram solidariedade ao Voz das Comunidades nas redes sociais, e René conta que uma campanha para reformar e reequipar o jornal comunitário já começou no Twitter. Oito pessoas trabalham noVoz das Comunidades, que conta ainda com 30 voluntários.
O edifício está interditado pela Polícia Civil, que vai realizar perícia no local. O caso será investigado pela 22ª DP (Penha).