Rio - Os moradores do Engenho de Dentro estão se sentindo mais inseguros porque o policiamento no bairro foi reduzido após a interdição do Engenhão, em março. E as estatísticas confirmam esta sensação de abandono: de fevereiro a maio deste ano, o número de roubos na região praticamente dobrou, crescendo 94%. De acordo com o Instituto de Segurança Pública, a 24ª DP (Engenho de Dentro) registrava uma média de 80 ocorrências por mês. Em maio, este número chegou a 155.
“A criminalidade cresceu muito, já está escancarada”, lamentou a comerciante Iara Couto, lembrando que o bairro e o entorno do estádio só voltaram a ter tranquilidade durante a Copa das Confederações. “Enquanto as seleções treinavam aqui, as ruas ficavam o dia inteiro com guardas municipais e policiais militares, mas depois foram embora”, comentou.
Segundo os moradores, os crimes não têm hora para acontecer. “Outro dia mesmo teve um arrastão às 6h na Rua Piauí”, contou a artista visual Maria José Oliveira.
Já o empresário Bruno Mazzei viu sua moto ser levada por criminosos em plena hora do rush. “Dois caras me fecharam na Adolfo Bergamini e desceram armados na frente de todo mundo”, disse.
Há poucos dias, o comerciante Ari Jorge presenciou um grupo ser assaltado dentro do próprio bar. “Veio um rapaz com uma faca e roubou todo mundo. Levou celular, máquina fotográfica, tudo, e eu não tinha o que fazer”.
Outro relato é sobre o número de jovens que se reúnem para consumir drogas, como o crack, na entrada principal do estádio, na Rua José dos Reis. Procurada, a Polícia Militar afirmou em nota que o 3º Batalhão (Méier) está com a atenção voltada para a região e tenta identificar os criminosos.
Vereadores fazem vistoria
Três vereadores estiveram nesta terça-feira no Engenhão para uma visita técnica. Engenheiros da Odebrecht, empresa que faz parte do consórcio responsável pela reforma, disseram a Eliomar Coelho (Psol), Paulo Pinheiro (Psol) e Tio Carlos (DEM) que as obras devem começar ainda este ano.
“Eles falaram que o projeto do Engenhão estava todo errado. Não só a cobertura, mas todo o teto do estádio terá que ser reformado”, disse Pinheiro.
Eliomar Coelho enviará um requerimento à prefeitura sobre o custo das reformas: “Mesmo com a prefeitura dizendo que as obras não serão pagas por ela, queremos saber qual será o gasto, até para comparar com a construção inicial do estádio”.
O consórcio, formado pela OAS e Odebrecht, que assumiu as obras em 2006 quando a Delta deixou a construção, vai pedir ressarcimento à empresa.