Rio - Por volta das 22h50 desta quarta-feira, um grupo de manifestantes conseguiu entrar na Rua Aristides Espínola, onde mora o governador Sérgio Cabral, no Leblon, Zona Sul do Rio, e atiraram fogos de artifício em direção aos PMs, que reagiram disparando bombas de gás e balas de borracha nos ativistas. Em represália, os manifestantes depredaram bancas de jornal, placas de trânsito, árvores, agências bancárias e atearam fogo na entrada da via. Ainda não há informações sobre feridos. Segundo a polícia, um homem foi preso com um coquetel molotov.
Policiais avançaram em direção aos manifestantes pelas ruas adjacentes atirando bombas de gás lacrimogênio a esmo. Muitos correram para as areias da Praia do Leblon. Neste momento, os PMs se dividem em frentes e percorrem as vias do bairro. A fachada de uma loja de roupas e a portaria do shopping Leblon Office Towers foram destruídas. Pontos de ônibus também foram depredados Comerciantes fecharam as portas após o início da confusão e muito lixo foi jogado no asfalto e incendiado.
O cenário de destruição se estendeu por pelo menos quatro quarteirões. A polícia chegou a usar um caminhão de jatos d'água em um grupo, que exclamou: "Levem essa água para a Baixada!". Após cerca de uma hora, eles marcharam até a residência do secretário de Segurança José Mariano Beltrame, na Rua Redentor, em Ipanema.
O protesto, que reuniu mais de mil pessoas e reinvidicou a saída de Sérgio Cabral do Governo Estadual, a desmilitarização da PM, o fim da privatização do Maracanã, entre outras demandas, seguia sem registrar incidentes. Quinze representantes da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) acompanharam a passeata.
Antes da confusão, os manifestantes fizeram questão de dizer que os protestos vão continuar no Rio. “Foram décadas de silêncio e inércia”, afirmou o estudante de Direito da Uinersidade Federal do Rio Janeiro (UFRJ) , Thiago Rodrigues, de 32 anos. “Vamos continuar nos mobilizando pela internet e organizando protestos ”, adiantou outro estudante, Paulo Reis, 20 anos.
Sérgio Cabral reafirmou, em nota, que a oposição quer “antecipar o calendário eleitoral”. “O governador, legitimamente eleito por 67% dos votos nas últimas eleições, reitera o seu compromisso de continuar a manter o Rio na rota do desenvolvimento social e econômico”, diz o documento.
Pelo Twitter, a Polícia Militar alegou que "cerca de 30 pessoas vestidas de preto estão pichando e depredando veículos na Ataulfo de Paiva e jogando pedras nos policiais na Avenida General San Martin". A corporação alegou ainda na rede social que "manifestantes preparavam um novo ataque aos policiais" e divulgou que quatro deles se feriram.
Clima ficou tenso durante protesto
Um princípio de tumulto ocorreu quando uma emissora de TV foi expulsa pelos manifestantes. Outro momento de apreensão ocorreu quando um homem que parecia drogado ou alcoolizado tentou derrubar a grade da via, fechada desde 17h30 por policiais militares.
O rapaz foi retirado do local pelos próprios ativistas, sob acusação de ser agente do serviço reservado da PM (P2) e miliciano. Mais cedo, manifestantes queimaram um boneco representando Cabral, junto a uma placa de trânsito. Em seguida, índios da Aldeia Maracanã fizeram uma pajelança no trecho. Questionado sobre a maré de azar do governador, o cacique Uratau, da etnia Guajajara disse que "Cabral mexeu com ancestrais e índios de todo o brasil ao fechar o Museu do índio. O prédio é simbólico para todos nós", afirmou.
Alguns presentes tentaram contornas as ruas adjacentes no local, como a Rainha Guilhermina, mas policiais do Batalhão de Choque (BPChq) barraram a passagem deles nas esquinas. Algumas placas de sinalização foram arrancadas, pixadas com símbolo do anarquismo e exibidas como troféu. Além da presença de mais de 200 PMs, há um caminhão de jato d'água e um caveirão do Choque no local.
A Prefeitura chegou a tentar desbloquear o sentido Centro da Avenida Delfim Moreira, mas parte do protesto bloqueou novamente a via quando percebeu a manobra. Motoristas tiveram que voltar de ré, o que deu mais um nó no trânsito. Até o momento, não há registro de confusão no ato.