Rio - Um manifestante detido durante o protesto da noite de sexta-feira, contra o governador Sérgio Cabral, na Rua Pinheiro Machado, em Laranjeiras, Zona Sul do Rio, permanece preso na 9ª DP (Catete), na madrugada desta terça-feira. Bruno Ferreira Teles é acusado pela polícia de portar uma mochila com explosivos e por desacato.
Advogados que integram a Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) estão no plantão do Tribunal de Justiça (TJ) do Rio tentando um habeas corpus.
A manifestação reuniu cerca de mil pessoas no início da noite desta segunda-feira. O ato aconteceu durante a recepção oficial da presidenta Dilma Rousseff ao Papa Francisco, no Palácio Guanabara, sede do governo do Rio. Autoridades como o próprio governador, o prefeito do Rio, Eduardo Paes, e o presidente do Senado, Renan Calheiros, estavam no local. O Sumo Pontífice está na cidade para a Jornada Mundial da Juventude, que começa nesta terça-feira.
No total, segundo a OAB, além de Bruno, outras sete pessoas foram levadas para a 9ª DP. Leandro de Souza Silva, acusado de formação de quadrilha acabou liberado após o pagamento de R$ 1 mil de fiança. Filipe Garcia Pessanha e Filipe Gonçalves de Assis foram autuados por incitação à violência. Já Andre Azevedo Silva foi autuado por exposição ao perigo e Thiago Rodrigues Brandão por desacato e resistência. Um menor foi por dano qualificado, mas também acabou liberado.
Dois dos detidos são membros do grupo Mídia Ninja, que faz a cobertura ao vivo das manifestações. O peregrino Roberto Melo Cassiano foi levado para a delegacia e autuado por desacato e resistência. Em entrevista à Rádio CBN, ele contou que mostrou a um policial do Batalhão de Choque a camisa da Virgem Maria que usava. Ele disse que foi detido após mostrar a imagem da camisa a um PM do Choque e dizer que a santa não estava gostando do modo de agir da PM contra os manifestantes.
Após o fim do protesto, vários manifestantes foram para a delegacia exigir a soltura de todos os detidos. O Batalhão de Choque reforçou a segurança no local. No início da madrugada o clima ficou tenso. Os PMs chegaram a lançar gás de pimenta para tentar dispersar as pessoas. O grupo resistiu e fechou um trecho da Rua do Catete, no acesso à Rua Pedro Américo. Da delegacia alguns seguiram para o TJ, no Centro, para acompanhar a solicitação de habeas corpus para Bruno.
Pelo menos cinco pessoas ficaram feridas no confronto, sendo dois PMs que estão internados no hospital da corporação, no Estácio, na Zona Norte. Eles sofreram queimaduras ao serem atingidos por coquetéis molotov lançados por mascarados durante o protesto em Laranjeiras. O caso mais grave é do cabo Claudio dos Santos Souza, do 41º BPM (Irajá). Ele sofreu queimaduras na mão e na perna e ferimentos no olho. Ambos não correm risco de vida.
Um terceiro policial ferido estaria internado no Hospital Municipal Souza Aguiar, no Centro. A informação ainda não foi confirmada pela corporação. Um farmacêutico baleado na perna na Rua São Salvador, no Catete, está internado na unidade de saúde. Outro ferido é um manifestante, atingido por uma bala de borracha na perna. Ele ainda teria levado uma carga de pistola de choque. Não há informações sobre o estado de saúde deles.