Rio - ‘Hoje (terça-feira) meus filhos comeram só banana com farinha. Estamos passando dificuldade”. O desabafo é da dona de casa Elizabeth Gomes da Silva, 47, mulher do pedreiro Amarildo Dias de Souza, 47. Ele está desaparecido há 13 dias desde que foi pego na Rocinha por policiais da UPP. O casal tem seis filhos. “Ele tinha dinheiro todos os dias para o pão. Não trabalho porque cuido das crianças”, contou Elizabeth, que está vivendo de doações.
A família de Amarildo acredita que ele tenha sido morto e suspeita que o corpo esteja enterrado na Caixa D’Água, na localidade Dioneia, no alto da Rocinha. “Disseram que viram uma pessoa com as características dele lá. Não dão mais detalhes porque têm medo. A polícia não fez nenhuma busca lá”, reclamou sobrinha de Amarildo que não quis se identificar.
Segunda-feira, fizeram uma Missa de Sétimo Dia para o pedreiro. “Só podem ter matado meu marido. Ele não era de sair, era trabalhador e não deu nenhuma notícia até agora. Vejo a roupa dele ainda suja de cimento e fico arrasada”, lamentou Elizabeth.
Uma rixa entre um PM da UPP, que participou da operação quando Amarildo desapareceu, e o pedreiro é uma das linhas de investigação da 15ª DP (Gávea).
Os PMs, no entanto, alegam que o acharam parecido com um bandido procurado. O delegado-titular da 15ª DP (Gávea), Orlando Zaccone, enviou a foto de Amarildo para os institutos Médico-Legais do estado e vai ouvir nesta quarta-feira os parentes. “A busca por um corpo não pode ser feita como diligência simples. Temos que trabalhar informações para irmos aos locais”, alegou Zaccone.