Por bianca.lobianco

Rio - A Divisão de Homicídio (DH) vai assumir as investigações do caso do desaparecimento do pedreiro Amarildo Dias, de 47 anos. O prazo da 15ª DP de conduzir o caso termina na próxima quarta-feira.

Policiais fizeram mais buscas nesta quinta-feira na Rocinha para encontrar o pedreiro. Equipes do corpo de bombeiros dos quartéis do Humaitá e da Gavea, cães farejadores participaram da ação.

Segundo os agentes, o caso é encaminhado à DH após 15 dias, caso não haja notícias sobre o desaparecimento da vítima.

O homem desapareceu no dia 14 de julho, quando foi levado, de sua casa, por PMs da UPP da Rocinha para averiguação na delegacia. 

Família de Amarildo diz que não vai deixar favela 

Eles têm medo, mas não pretendem sair da favela da Rocinha sem saber o que aconteceu com o pai, o pedreiro Amarildo Dias da Silva, 47, desaparecido desde que foi levado para a sede da UPP local no dia 14. A vontade da família é contrária à do governador do estado, que nesta quarta-feira os recebeu no Palácio Guanabara e afirmou que eles seriam incluídos no Programa de Proteção à Testemunha, o que obrigatoriamente os afastaria da comunidade.

Cabral se reúne com familiares de pedreiro desaparecidoAlessandro Costa / Agência O Dia

“Vamos enfrentar as ameaças, lutar até o fim e queremos o caso do meu pai resolvido”, disse ontem à noite o filho mais velho do pedreiro, 21 anos, que não quis se identificar. Ele, o irmão de 20 e a mãe de ambos, a dona de casa Elisabeth Gomes da Silva, 47, prestaram depoimento ao delegado

Orlando Zaccone, titular da 15ª DP (Gávea),  quer saber o que houve com as câmeras de seguranças que poderiam ter filmado Amarildo deixando a sede da UPP, como afirmou ter ocorrido o comandante da unidade, o major Edson Santos.

“Buscamos analisar a veracidade das alegações da PM. Fiquei surpreso, pois tinha a informação de que apenas uma das câmeras estava com problemas. Agora, disseram que as duas queimaram. São câmeras estratégicas para a investigação, pois estão posicionadas na frente da base”, disse o delegado.

Para Zaccone, causa estranheza o fato das demais 80 câmeras próximas à UPP, posicionadas a poucos metros de distância das que não estavam funcionando, não terem registrado o pedreiro em mais nenhum ponto da comunidade.

Cabral recebe familiares no Palácio

O governador Sérgio Cabral recebeu os parentes de Amarildo para uma conversa no Palácio Guanabara nesta quarta-feira. O encontro também teve a participação do secretário de Assistência Social e Direitos Humanos, Zaqueu Teixeira, e do público geral do Estado, Nilson Bruno.

“Já são 13 dias de procura e já fomos até São Gonçalo. Tenho certeza que ele está morto”, disse Elizabeth da Silva, mulher de Amarildo, acrescentando que não crê mais que ele esteja vivo. “ Tenho medo que os policiais, quando a poeira baixar, façam maldade com a minha família”, acrescentou.

“Se for confirmada a responsabilidade da polícia no desaparecimento, caberá ação de indenização contra o Estado e já começamos a conversar sobre isso”, informou Nilson.


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