Por thiago.antunes

Rio - Com a imagem desgastada pelas duras críticas quanto à maneira truculenta de reprimir as manifestações, a PM enfrenta agora um embate, dentro da própria instituição. Na semana que vem, deverá ser nomeado um novo comandante-geral para substituir o coronel Erir da Costa Filho, no posto há quase dois anos. A substituição teria sido um pedido do secretário de Segurança Pública, José Mariano, ao governador.

Além das ações contra manifestantes, uma discussão pelo Twitter da corporação, gerenciado por Erir, com a Alerj e a Ordem dos Advogados do Brasil teria desagradado a Beltrame. E uma discussão ríspida entre ele e o oficial teria sido a gota d’água.

Entre os nomes cotados para suceder Erir estão o chefe do Estado Maior, coronel Robson Rodrigues; o comandante da Coordenadoria de Polícia Pacificadora (CPP), coronel Paulo Henrique de Moraes; e o relações públicas da PM, coronel Frederico Caldas, até agora o mais cotado.

Mas circulam ainda os nomes do coronel Cláudio Lima Freire, do 3º (CPA), responsável pela Baixada; e do coronel Henrique Lima Castro, que está na Secretaria Extraordinária de Segurança de Grandes Eventos. Robson já respondeu a processo por envolvimento com a Liesa.

Paulo Henrique é citado no assassinato da juíza Patrícia Acioli porque era chefe da segurança do Tribunal de Justiça na época em que a magistrada teve a segurança negada.

Alguns peregrinos também se juntaram à manifestação%2C que foi controlada até pela Força NacionalAndré Luiz Mello / Agência O Dia

Protesto tentou chamar a atenção do Papa

Cerca de 300 pessoas protestaram ontem em Copacabana contra o governador Sérgio Cabral. Os ativistas passaram pela Avenida Atlântica, onde o Papa celebrou a Via Sacra, e chegaram até a área de convidados do evento, quando a Força Nacional foi acionada e fez um cordão de isolamento. Não houve confrontos até o fechamento desta edição.

Comerciantes da Rua Barata Ribeiro, por onde o grupo passou, fecharam as portas às pressas. A PM adotou a mesma tática inaugurada quinta-feira, quando policiais acompanharam o ato no meio da multidão e fizeram debates com os manifestantes. Muitos deles estavam identificados com letras e números nos coletes e bonés.

A Estação Cardeal Arcoverde chegou a ficar obstruída devido à grande aglomeração de manifestantes, com cartazes escritos em várias línguas, em frente à entrada principal. O estudante de design gráfico Anderson Bonfim, 21 anos, que faz parte do grupo Anonymous Rio, disse que o protesto pretendia alertar o Pontífice sobre os problemas da cidade. A manifestação foi chamada de “Papa, olha como somos tratados”. “Queremos que ele veja o que está acontecendo aqui”, comentou.

Socorristas voluntários ficaram de plantão nas ruas do entorno, identificados com aventais e luvas de borracha. Na parte interna do evento, portadores de deficiência foram orientados a ficar em área especial até que a confusão acabasse.

Cinco manifestantes derrubaram grades colocadas na Avenida Atlântica para a passagem do Pontífice. O trânsito ficou complicado na região, sobretudo pela aglomeração de policiais.

Quebra de sigilo vai ser pedida

O delegado titular da 18ª DP (Praça da Bandeira), Fábio Barucke, vai pedir a quebra do sigilo telefônico do estudante Rodrigo Graça, de 19 anos, que na quinta-feira prestou queixa relatadando ter sido vítima de um sequestro relâmpago com motivações políticas, na Tijuca.

Na porta da delegacia após prestar queixa%2C Rodrigo mostrou sua blusa rasgada no sequestro-relâmpagoAlexandre Vieira / Agência O Dia

Rodrigo, que é militante do Psol, e contou ter sido levado por quatro homens armados, na Praça Afonso Pena, que ameaçaram matá-lo caso ele continuasse a criticar a PM e o governo pelo Facebook. Procurado pelo DIA, Rodrigo disse que até o início da noite desta sexta-feira não havia sofrido novas ameaças.

Você pode gostar