Rio - A prefeitura sabia que obras no terreno onde seriam realizadas a vigília e a missa que encerrariam a Jornada da Juventude, em Guaratiba, eram capazes de “acarretar graves alagamentos no local, no caso de uma chuva de média intensidade”. O alerta representou uma profecia: o evento acabou transferido para Copacabana quando o Campus Fidei virou um lamaçal.
No último dia 2, o Diário Oficial publicou intimação da Fundação Instituto das Águas do Rio (Rio-Águas) à Dream Factory, responsável pela produção dos eventos, em que determinava a correção imediata dos problemas. Frisou que, para a construção de travessias sobre um canal, haviam sido colocadas manilhas de diâmetro insuficiente, o que prejudicou a saída da água.
A empresa teria que remover as manilhas, retirar entulho e restabelecer a “seção hidráulica do canal”. Em 15 de julho, uma semana antes da chegada do Papa Francisco, a Rio-Águas constatou, também no Diário Oficial, que o trabalho no terreno não havia sido feito. Como punição, a Dream Factory recebeu multa irrisória, de R$ 603,58.
Antes, no dia 11 de junho, a Rio-Águas emitira outra intimação à Dream Factory gerada por intervenções desastradas no terreno: o aterro estava obstruindo a “comunicação hidráulica” entre os mangues Norte e Sul. A empresa recebeu a determinação de remover todo o material.
Empresa diz não ser responsável
A Dream Factory afirma que recorreu das intimações e da multa. Em nota,alega que “todos os profissionais e empresas relacionadas à execução das atividades de engenharia no Campus Fidei são contratados diretamente pelo Instituto JMJ-Rio”, ligado à Arquidiocese do Rio.
Também em nota, a Rio-Águas classifica a Dream Factory de “construtora” e diz que, depois de ter recebido a multa, a empresa implantou manilhas “redimensionadas para garantir o escoamento”. Especializada em comunicação e eventos — organiza o Rock in Rio —, a Dream Factory não fez qualquer referência a essa troca.