Por bianca.lobianco

Rio - O governador Sérgio Cabral admitiu falhas de diálogo com a sociedade e afirmou que sua queda de popularidade faz parte de um jogo democrático durante entrevista realizada para a Rádio CBN, nesta quinta-feira. 'Da minha parte faltou mais diálogo com a sociedade, a incapacidade de dialogar sempre foi a minha marca', disse.

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Ele também comentou sobre o desaparecimento do pedreiro Amarildo Dias de Souza, de 47 anos, e disse que não só a população, como ele e a sua polícia querem descobrir onde está o Amarildo e o que foi feito com o pedreiro, levado por PMs da UPP da Rocinha no dia 16 de julho para averiguação. 

"A Delegacia de Homicídios está presente, a delegacia da área fez uma forte investigação, o secretário de Segurança José Mariano Beltrame está pessoalmente envolvido, o comandante das UPPs também está envolvido pessoalmente. Eu tenho certeza que a minha polícia vai descobrir o que foi feito com o Amarildo e punir os responsáveis", afirmou. 

Ecos das manifestações

Sobre o uso de helicópteros para atividades particulares, o governador informou que antes não havia nenhum tipo de protocolo de uso. "Fizemos uma pesquisa pra identificar onde havia uso protocolado, com regras para uso de helicópteros. Um dos grandes ecos das manifestações desde junho é o desejo muito bonito de aperfeiçoamento do processo democrático. Por isso temos que ter um protocolo de uso". 

Questionado sobre a possibilidade de sair do cargo em abril de 2014, conforme informou O DIA nesta quinta-feira, Cabral afirmou que "o presidente regional do PMDB, Jorge Picciani, tem a obrigação de pensar o futuro do partido, e o governante de governar". Ele também acrescentou que a canditatura do seu vice, Luiz Fernando Pezão, será lançada. "A oportunidade de ter o Pezão como candidato está mantida. Vamos lançar o Pezão a candidato a governador". 

Cabral afirma que candidatura do vice Luiz Fernando Pezão ao governo do Estado será lançada Estefan Radovicz / Agência O Dia

Picciani diz que Cabral sai em abril

Em entrevista para Rozane Monteiro, Picciani afirmou, nesta quarta-feira, ter sido decidido com Sérgio Cabral que o governador deixará o cargo em abril para Pezão. O próprio Cabral, por sua vez, afirmou que ainda está “decidindo com o partido qual será a decisão sobre desincompatibilização, mas essa decisão não foi tomada”.

“Conversei ontem com Cabral. Marco Antônio vai ser candidato, e Cabral sai em abril. Pezão assume”, disse Picciani, que também é coordenador da pré-campanha de Pezão. O ex-deputado se referiu ao filho de Cabral, que só pode ser candidato a deputado federal se o pai se desincompatibilizar até abril.

Quanto ao filho, Cabral não polemizou e agradeceu: “Jorge Picciani sempre foi de extrema gentileza com o meu filho Marco Antônio e, eu, como pai, fico feliz pela liderança jovem do meu filho. O Picciani também não nega o entusiasmo quanto ao Pezão.”

Picciani explicou que a saída de Cabral permitirá que o vice entre em cena para mostrar seu próprio estilo de administrar, e garantiu estar otimista quanto à capacidade do PMDB de virar o quadro detectado por recente pesquisa CNI/Ibope, que atribuiu à gestão de Cabral o menor índice de aprovação (12%) entre os governos dos 11 estados que somam 90% do Produto Interno Bruto (PIB) industrial.

“O Sérgio tem um legado institucional. O Rio de Janeiro de hoje não é aquele de dez anos atrás. O que está acontecendo é injusto”, argumentou Picciani.

Jorge Picciani é o presidente do PMDB do RioSeverino Silva / Agência O Dia

Manifestantes contrariam Cabral e protestam no Leblon

Contrariando pedido do governador Sérgio Cabral, cerca de 100 manifestantes voltaram a protestar pacificamente próximo à casa dele, no Leblon, bairro nobre da Zona Sul, na madrugada desta quinta-feira. Parte do grupo tinha participado na noite desta quarta-feira de um ato de protesto contra o governo, no Centro. A Câmara dos Vereadores acabou invadida e a PM interveio. Pelo menos um policial ficou ferido e um suspeito foi detido.

No início da madrugada, integrantes do movimento Ocupa Cabral, que desde domingo estão acampados no canteiro central da Avenida Delfim Moreira, em frente à Rua Aristides Espíndola, onde mora o governador e que está bloqueada pela PM, ganhou o reforço de manifestantes que vieram do protesto no Centro. Eles gritaram palavras de ordem pedindo a saída do governador, ocuparam uma faixa da via e promoveram um barulhaço com apitos e latas.

O grupo também ganhou o apoio de passageiros e motoristas de vans e ônibus, além de motoristas que buzinavam em demonstração de apoio ao movimento. A PM não interveio no protesto, mas policiais do 23º BPM (Leblon) fecharam o sentido São Conrado da Avenida Delfim Moreira, a partir da Rua Rainha Guilhermina, por volta de 2h. Não houve confronto.

Na segunda-feira, em entrevista no Palácio Guanabara, Sérgio Cabral apelou aos manifestantes pelo fim dos protestos no local onde mora. "Como pai" ele justificou o pedido como uma questão de zelo a segurança de seus filhos de seis e 11 anos. Na ocasião, o governador disse não ser um ditador e afirmou que estar aberto ao diálogo.

Manifestantes seguem acampados no LeblonOsvaldo Praddo / Agência O Dia


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