Rio - A dinâmica de tumulto na etapa final das manifestações se repetiu na noite desta quarta-feira. Mais de 700 manifestantes passaram pelo Ministério Público onde entregaram uma carta ao procurador-geral de Justiça do Rio de Janeiro, Marfan Vieira, passaram pelas escadarias da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) e seguiram em direção à Câmara dos Vereadores.
Na Avenida Almirante Barroso, um manifestante foi detido com pedras na mochila e foi levado para a 1ª DP (Praça Mauá), segundo o tenente-coronel Mauro Andrade, que passou a comandar a PM nos atos públicos dos últimos dias. O policiamento foi reforçado em todo o Centro da cidade. Mais de 350 policiais militares acompanham o ato.
Após isto, o clima começou a ficar mais tenso entre policiais e ativistas. Um grupo de manifestantes forçou a entrada no prédio da Câmara dos Vereadores, na Cinelândia. Algumas pessoas se retiraram do local após negociação, no entanto ainda há um grupo ocupando a Casa. Há quebra-quebra e correria nos arredores da Câmara, onde foram ouvidos gritos inspirados em uma das mais tradicionais marchinhas de Carnaval: "Ô, abre-alas, que eu quero passar".
Em confronto generalizado, os policiais passaram a usar tiros de borracha e bombas de gás lacrimogênio para dispersar os manifestantes. Dentro da Câmara, há ativistas e PMs. Quatro coquetéis molotov foram lançados na direção do prédio. Três manifestantes e um policial ficaram feridos por pedradas.
Segundo a PM, todos os manifestantes foram retirados de dentro da Casa. Segundo o vereador Marcelo Piuí (PHS), a presidência da Câmara foi depredada. No entanto, o tenente-coronel Mauro de Andrade houve apenas uma bagunça na sala, mas nada foi quebrado. Devido ao tumulto, na Estação Cinelândia, somente o acesso Santa Luzia ficou aberto.
Carta pede investigação de Cabral
Uma carta com várias reivindicações foi entregue no MP por 10 pessoas que foram eleitas durante plenária do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCS) na terça-feira. O documento exige a abertura de inquérito para investigar os excessos da polícia; uma investigação sobre os atos do governador Sérgio Cabral; outro processo investigativo para a ação dos policiais à paisana infiltrados nos protestos; a quebra de sigilo telefônico de Cabral, do prefeito Eduardo Paes e de todos os envolvidos no escândalo da Delta; além da revisão do monopólio dos contratos de concessão de tranportes.
No último domingo, mais de 100 pessoas protestaram na Rua Aristídes Espínola, no Leblon, onde mora o governador. Em clima bem-humorado, os manifestantes chegaram a dançar quadrilha e reforçavam os pedidos de investigação ao proferir palavras de ordem contra Cabral. A PM, com 40 homens identificados por letras e números nos coletes e bonés, acompanhou o ato, que não registrou tumulto.