Por tamyres.matos

Rio - A dinâmica de tumulto na etapa final das manifestações se repetiu na noite desta quarta-feira. Mais de 700 manifestantes passaram pelo Ministério Público onde entregaram uma carta ao procurador-geral de Justiça do Rio de Janeiro, Marfan Vieira, passaram pelas escadarias da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) e seguiram em direção à Câmara dos Vereadores.

Na Avenida Almirante Barroso, um manifestante foi detido com pedras na mochila e foi levado para a 1ª DP (Praça Mauá), segundo o tenente-coronel Mauro Andrade, que passou a comandar a PM nos atos públicos dos últimos dias. O policiamento foi reforçado em todo o Centro da cidade. Mais de 350 policiais militares acompanham o ato.

Manifestante que entrou na Câmara dos Vereadores disse que policiais fizeram ‘corredor polonês’ para retirá-los de láAndré Luiz Mello / Agência O Dia

Após isto, o clima começou a ficar mais tenso entre policiais e ativistas. Um grupo de manifestantes forçou a entrada no prédio da Câmara dos Vereadores, na Cinelândia. Algumas pessoas se retiraram do local após negociação, no entanto ainda há um grupo ocupando a Casa. Há quebra-quebra e correria nos arredores da Câmara, onde foram ouvidos gritos inspirados em uma das mais tradicionais marchinhas de Carnaval: "Ô, abre-alas, que eu quero passar".

Em confronto generalizado, os policiais passaram a usar tiros de borracha e bombas de gás lacrimogênio para dispersar os manifestantes. Dentro da Câmara, há ativistas e PMs. Quatro coquetéis molotov foram lançados na direção do prédio. Três manifestantes e um policial ficaram feridos por pedradas.

Segundo a PM, todos os manifestantes foram retirados de dentro da Casa. Segundo o vereador Marcelo Piuí (PHS), a presidência da Câmara foi depredada. No entanto, o tenente-coronel Mauro de Andrade houve apenas uma bagunça na sala, mas nada foi quebrado. Devido ao tumulto, na Estação Cinelândia, somente o acesso Santa Luzia ficou aberto.

Procurador-geral da Justiça%2C Marfan Vieira%2C recebeu uma carta de reivindicações das mãos dos manifestantes e falou frente aos cerca de 700 presentesAlexandre Brum / Agência O Dia

Carta pede investigação de Cabral

Uma carta com várias reivindicações foi entregue no MP por 10 pessoas que foram eleitas durante plenária do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCS) na terça-feira. O documento exige a abertura de inquérito para investigar os excessos da polícia; uma investigação sobre os atos do governador Sérgio Cabral; outro processo investigativo para a ação dos policiais à paisana infiltrados nos protestos; a quebra de sigilo telefônico de Cabral, do prefeito Eduardo Paes e de todos os envolvidos no escândalo da Delta; além da revisão do monopólio dos contratos de concessão de tranportes.

No último domingo, mais de 100 pessoas protestaram na Rua Aristídes Espínola, no Leblon, onde mora o governador. Em clima bem-humorado, os manifestantes chegaram a dançar quadrilha e reforçavam os pedidos de investigação ao proferir palavras de ordem contra Cabral. A PM, com 40 homens identificados por letras e números nos coletes e bonés, acompanhou o ato, que não registrou tumulto.

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