Por bferreira

Rio - Começou a transição. O presidente regional do PMDB no Rio, Jorge Picciani, afirmou nesta quarta-feira ter sido decidido em reunião na terça-feira com Sérgio Cabral que o governador deixará o cargo em abril para Luiz Fernando Pezão. O próprio Cabral, por sua vez, afirmou que ainda está “decidindo com o partido qual será a decisão sobre desincompatibilização, mas essa decisão não foi tomada”.

‘Jorge Picciani sempre foi de extrema gentileza com o meu filho Marco Antônio’, diz CabralSeverino Silva / Agência O Dia

“Conversei ontem com Cabral. Marco Antônio vai ser candidato, e Cabral sai em abril. Pezão assume”, disse Picciani, que também é coordenador da pré-campanha de Pezão. O ex-deputado se referiu ao filho de Cabral, que só pode ser candidato a deputado federal se o pai se desincompatibilizar até abril.

Quanto ao filho, Cabral não polemizou e agradeceu: “Jorge Picciani sempre foi de extrema gentileza com o meu filho Marco Antônio e, eu, como pai, fico feliz pela liderança jovem do meu filho. O Picciani também não nega o entusiasmo quanto ao Pezão.”

Picciani explicou que a saída de Cabral permitirá que o vice entre em cena para mostrar seu próprio estilo de administrar, e garantiu estar otimista quanto à capacidade do PMDB de virar o quadro detectado por recente pesquisa CNI/Ibope, que atribuiu à gestão de Cabral o menor índice de aprovação (12%) entre os governos dos 11 estados que somam 90% do Produto Interno Bruto (PIB) industrial.

“O Sérgio tem um legado institucional. O Rio de Janeiro de hoje não é aquele de dez anos atrás. O que está acontecendo é injusto”, argumentou Picciani.

Picciani vai lembrar a Paes que ele precisa ajudar

Jorge Picciani também contou que tem encontro hoje com o prefeito Eduardo Paes, considerado por ele “o maior trunfo político” entre os prefeitos do PMDB. “Eduardo está indo muito bem. Ele compreendeu as coisas mais rapidamente”, disse Picciani, que explicou esta parte de sua estratégia: “Vou colocar tarefas partidárias.”

Jorge Picciani é o presidente do PMDB do RioSeverino Silva / Agência O Dia


O plano é lembrar que, se não redobrar o esforço para evitar que o senador Lindbergh Farias seja eleito governador, o prefeito terá que brigar com o petista em 2018, quando quer se candidatar a governador. Se Lindbergh estiver no cargo desde 2015, terá a máquina do governo a seu favor e poderá ser mais difícil de derrotar.

Pezão virando governador, com a saída de Cabral em abril, passará a ser o titular no cargo e em 2014 se candidatará à sua própria reeleição. Por isso, não poderá ser candidato outra vez em em 2018, que deverá ser o ano de Eduardo Paes disputar o Palácio Guanabara.

NA TV, Cabral falará das realizações e se desculpará

A partir do dia 10, vão entrar no ar em todos os canais de TV 40 inserções de 30 segundos cada para a propaganda partidária do PMDB. No Rio, o tempo será todo dedicado a combater o estrago da voz das ruas. Na estratégia traçada por Picciani, segundo ele mesmo explica, 75% do tempo serão reservados para imagens de projetos como as UPPs e as UPAs e para a comparação com as administrações anteriores no estado.

O movimento tem endereço certo: os governos de Anthony Garotinho e de sua mulher, Rosinha, ambos do PR. Garotinho é considerado hoje por Picciani o principal adversário de Pezão. Também já se apresentaram como pré-candidatos o vereador Cesar Maia (DEM) e o ministro da Pesca e da Aquicultura, Marcelo Crivella (PRB).

Os outros 25% do programa serão dedicados ao próprio Cabral, que vai estar em cena para falar de seu currículo como político e que os “avanços” no estado só foram possíveis porque ele foi eleito e reeleito pelos fluminenses. Mas Picciani reconhece que “isso não resolve a pessoa física”. Por isso, Cabral também vai usar o tempo para “pedir desculpas” pelo que o coordenador da campanha chamou de “excessos”.

Mas, continua Picciani, Cabral vai explicar que só colocou o helicóptero oficial para que ele próprio e a família fossem a compromissos pessoais por “segurança”. Por enquanto, se valer a vontade de Picciani, Pezão ficará fora do programa deste mês, sem se contaminar com o ‘incêndio’ que precisa ser apagado, e a ideia é que ele só volte a participar do programa partidário em outubro.

O segundo movimento para diminuir os efeitos da crise é tentar afastar a imagem de Pezão da figura de Cabral. Como cumprirá missão aparentemente impossível, Picciani ainda não entrega.

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