Por thiago.antunes

Rio - As imagens captadas por duas câmeras na Rocinha colocam em xeque a versão de policiais militares sobre o trajeto que o ajudante de pedreiro Amarildo Dias de Souza, de 47 anos, teria feito ao deixar a Unidade de Polícia Pacificadora (UPP), no dia 14.

Os equipamentos, que estão funcionando, não registraram a saída do desaparecido no portão principal da unidade e nem na escadaria da localidade da Dioneia, outro acesso à UPP. Nesta quinta-feira à noite, 150 pessoas fecharam a Auto Estrada Lagoa-Barra cobrando o paradeiro do morador. O protesto terminou na porta da casa do governador Sérgio Cabral, no Leblon.

Grupo que fazia manifestanção pelo sumiço de Amarildo na Rocinha caminhou pelo túnel até o Leblon para protesto próximo à casa do governadorCarlo Wrede / Agência O Dia

Relatório da Polícia Civil, ao qual O DIA teve acesso, mostra que dez PMs, entre eles o comandante da UPP da Rocinha, major Edson Santos, já prestaram depoimento. Eles alegam que Amarildo foi detido porque parecia com um criminoso identificado como Guinho. As investigações também não descartam a hipótese de o ajudante de pedreiro estar envolvido com o tráfico de drogas. Nesta quinta, agentes da Delegacia de Homicídios (DH) percorreram o caminho que Amarildo teria feito antes de desaparecer.

GPS quebrado

“Todos os caminhos serão refeitos e o cenário reconstituído até que se chegue nas hipóteses mais evidentes”, afirmou o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, que foi conferir o rumo do caso na DH. Porém, a polícia já tem informações de que os aparelhos GPS das viaturas da UPP não estavam funcionando, o que dificultará a descoberta da movimentação dos carros.

Trechos do relatório da 15ª DP enviado à Delegacia de Homicídios%3A detalhes sobre depoimentos de PMsReprodução

Na tarde desta quinta-feira, a família de Amarildo voltou a ser recebida no Ministério Público. Eles se encontraram com o procurador-geral de Justiça, Marfan Vieira, o delegado-titular da DH, Rivaldo Barbosa, e o promotor de Justiça Homero das Neves.

Dois filhos de Amarildo prestaram depoimento na DH. “Foi uma grave violação aos direitos humanos e não vamos tolerar isso”, disse o procurador.

O deputado estadual Geraldo Pudim (PR) também esteve na reunião. Ele vai pedir hoje à Justiça que o estado pague pensão e aluguel social à família de Amarildo.

Protesto fecha Lagoa-Barra e vai ao Leblon

A mulher de Amarildo, Elizabete Gomes da Silva, fez um novo desabafo durante manifestação desta quinta-feira. “O meu sobrinho foi esculachado pela polícia esses dias. Só conseguiu se livrar porque falou que era parente do Amarildo”. O protesto começou às 19h. Durante duas horas, manifestantes fecharam a Autoestrada Lagoa-Barra.

O grupo carregava faixas e cartazes, com dizeres como ‘Cadê o Amarildo?’. Elizabete lembrou que há 19 dias não tem resposta sobre o caso do marido. “O governador Sérgio Cabral está preocupado com os filhos dele. E o que falo para os meus?”, indagou. Por volta das 21h, os manifestantes protestaram em frente à casa de Cabral.

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