Por bianca.lobianco

Rio - Cerca de 40 pessoas, entre estudantes e indígenas, acabaram de ocupar novamente a Aldeia Maracanã. Nove viaturas da Polícia Militar estão no local, mas não há confronto. Segundo o universitário Paulo Henrique Flores, 25 anos, quando o grupo chegou não havia nenhum agente de segurança para impedir a entrada.

Neste momento, o coronel Santana, do 4º BPM, está dentro do prédio tentando negociar com indígenas e estudantes. Do lado de fora, vários índios fazem rituais contra o governador Sérgio Cabral e em forma de protesto contra a falta de projeto para que os índios voltem a morar no Museu do Índio. 

Mais cedo, Cabral divulgou em seu Twitter que a Escola Municipal Friedenreich, no Complexo do Maracanã, não será demolida. "Permanece onde está", disse. 

A volta da Aldeia Maracanã

O governo do estado determinou que a Secretaria de Cultura crie um centro de estudos e uma secretaria de assuntos indígenas no prédio do antigo Museu do Índio, que fica vizinho ao estádio próximo à Aldeia Maracanã.

A primeira reunião da secretária Adriana Rattes com representantes de diversas etnias que ocupavam o prédio desde 2006 foi realizada na última terça-feira. Um dia antes, no dia 29, o governador Sérgio Cabral desistiu de demolir o Parque Aquático Julio Delamare e pode preservar ainda o Estádio de Atletismo Célio de Barros.

“A secretária falou em nome do governador e estamos muito satisfeitos que um canal de diálogo tenha sido aberto, pois a Aldeia Maracanã é um marco histórico do nosso povo e da integração cultural indígena e do homem branco no Rio”, avaliou o chefe Afonso Apurinã, que esteve no encontro.

Índios recuperam Aldeia Maracanã%2C depois de terem sido expulsos pelo governo estadual em abrilFabio Gonçalves / Agência O Dia

Museu Olímpico

Nova reunião já está marcada para a próxima terça-feira, dia 6. Participarão índios, representantes da Fundação Darcy Ribeiro e Adriana Rattes. “É importante chegarmos a um acordo que preserve o espaço e a cultura dos índios. Finalmente estamos sendo ouvidos e tudo caminha para uma solução inteligente”, disse Carlos Tukano, outra liderança indígena presente.

Depois da desocupação feita em abril, o governo — que queria demolir o prédio do antigo Museu do Índio — anunciou que, no espaço, construiria o Museu Olímpico. Este projeto, agora, está em análise do governo para ser implantado no Maracanã ou transferido para outro endereço.

Projeto não prevê moradia para índios no antigo museu

O Centro Estadual de Estudos e Difusão da Cultura Indígena, a ser implantado no local, não prevê moradia para os índios, que seguiriam para Jacarepaguá ou para algum outro local, de comum acordo entre o governo e os índios. Isso desagrada alguns líderes, como o cacique Urutau Guajajara.

Adriana Rattes pediu aos líderes das tribos presentes, entre eles, Garapirá Pataxó, Marize Guarani, Iracema Pankararu, que mobilizem as demais lideranças da Aldeia Maracanã para as próximas reuniões.

Urutau Guajajara será chamado para o encontro de terça-feira, mas disse que não pretende comparecer. “Qualquer iniciativa de diálogo foi cortada pelo próprio governo, o que nos obrigou a ir aos tribunais e é lá que vamos conversar”.

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