Por nara.boechat

Rio - Último ponto polêmico para a realização das obras no complexo esportivo do Maracanã, a Escola Municipal Friedenreich não será mais demolida. A decisão foi anunciada ontem pelo governador Sérgio Cabral. “Permanece onde está”, escreveu sobre a unidade, que em 2011 foi considerada a 4ª melhor escola do Rio no Ideb, principal indicador de qualidade do ensino básico. A região foi ontem palco de protestos. Manifestantes indígenas voltaram a ocupar a Aldeia Maracanã, de onde foram retirados pela polícia em março.

O governador já havia suspendido as demolições do Parque Aquático Júlio de Lamare, do Estádio de Atletismo Célio de Barros e do Museu do Índio. No lugar dos centros esportivos, do museu e da escola municipal seriam construídos prédio-garagem que serviria como estacionamento e um centro de entretenimento.

Indígenas pleiteiam que eles mesmos administrem o local e alegam que o governo negocia com supostos porta-vozes que não os representam Alexandre Brum / Agência O Dia

A mobilização de toda a comunidade contra a demolição da Friedenreich gerou mal-estar no governo e repercussão mundo afora. A Secretaria Municipal de Educação chegou a apresentar às famílias uma proposta de reconstruir a Friedenreich no terreno da Escola Municipal Orsina da Fonseca, na Tijuca.

Pelo Twitter, a secretária municipal Cláudia Costin, que era contra a transferência da escola, deu a boa notícia aos professores. A desistência também foi comemorada por funcionários, estudantes e pais de alunos. “Não foi fácil, mas estamos muito felizes. Valeu a luta pelo ensino de qualidade”, comemorou Carlos Sandes, presidente da comissão de pais de alunos e ex-alunos da escola.

Sandes acredita que a repercussão até internacional — a notícia foi veiculada na Alemanha, Suíça e China — desgastou a imagem do governador. “Um país que ficou em penúltimo lugar em educação não pode se dar ao luxo de derrubar escola por conta de Copa do Mundo”, critica.

Segundo o governo, o Consórcio Maracanã terá 20 dias para analisar as mudanças. Em nota, a concessionária informou que vai encontrar alternativa para viabilização e continuidade das obras.

Grupo de 40 pessoas só deixará aldeia quando governo tiver uma proposta

Índios e estudantes voltaram a protestar, ontem, cobrando do governo um espaço destinado às moradias indígenas. Sem proposta à vista, o grupo de cerca de 40 pessoas decidiu ocupar o prédio, onde funcionará o Centro Estadual de Estudos e Difusão da Cultura Indígena.

“Queríamos que o museu fosse administrado pelos índios. O governo alega que vai devolver o espaço, mas que ele continuará sendo gerido pelo estado. A gente não concorda”, disse Carla Suhett, de 48 anos, que acompanha a resistência. A secretária de cultura Adriana Rattes negociou a saída da PM do local. “Os índios permanecerão aqui até o governo decidir como será a futura gestão. Alguns aceitaram algumas condições, outros não”, disse. Segundo o índio Nhandu, o governo negocia com supostos porta-vozes que não os representam.

Você pode gostar