Rio - É para qualquer defensor da Mata Atlântica ficar de queixo caído, e o prefeito do Rio, Eduardo Paes, em xeque. O secretário municipal de Meio Ambiente, Carlos Alberto Muniz, é réu na 37ª Vara Criminal, acusado pelo Ministério Público (MP) de cometer crimes ambientais, com penas que variam de um a três anos de detenção. Na denúncia da promotora Christiane Monnerat, aceita pela juíza Claudia Pomarico Ribeiro, Muniz responde por conceder licença ambiental à Imobiliária Saturn S/A para construção de uma mansão de 783 metros quadrados em área de proteção permanente ao lado da Floresta da Tijuca, na Gávea.
Para compensar a devastação de quase dois quilômetros para dar acesso ao imóvel, a secretaria fez um Termo de Compromisso no qual a imobiliária seria obrigada a pagar compensação de R$ 783.756,30. No entanto, a empresa já tem dívida de IPTU com os cofres municipais avaliada em R$ 600 mil. A obra foi embargada pela Justiça. Mas a teia de crimes ambientais envolvendo Muniz não para por aí. Ele também foi denunciado pelo MP por conceder licença ambiental irregular à Construtora Decta Engenharia Ltda. e à Incorporadora SPE Remo Empreendimento e Participações para construção de empreendimento comercial no bairro do Pechincha.
Documentos e laudos comprometem Muniz
Mais de 20 mil moradores da Gávea se mobilizaram contra a ação de Muniz, que resultou em notícia-crime feita pelo Condomínio do Edifício Recanto das Acácias. Para denunciar o secretário à Justiça, a promotora Christiane Monnerat analisou laudos do local, documentos, como cópia da licença e foto área da região, como ilustrado acima.
A juíza Claudia Pomarico Ribeiro já determinou que o secretário apresente a sua defesa.
Homem forte de Paes
Vice-prefeito no primeiro governo do prefeito Eduardo Paes, Carlos Alberto Muniz foi nomeado secretário municipal de Meio Ambiente em 2008. Experiência no assunto não falta no currículo.
Ele já dirigiu a Fundação Estadual de Engenharia de Meio Ambiente (Feema), entre os anos de 1987 e 1990, e comandou a Superintendência Estadual de Rios e Lagoas (Serla), na segunda metade do governo Marcello Alencar.