Por cadu.bruno

Rio - O Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (Crea) esteve, na manhã desta quarta-feira, no local do acidente envolvendo um ônibus em Itaguaí, nesta quarta. Na colisão, seis pessoas morreram e 34 ficaram feridas. Segundo o engenheiro Antônio Eulálio, especialista em pontes e grande viadutos, há várias falhas técnicas no projeto do viaduto.

"Falta uma barreira de concreto na lateral do viaduto. Com isso, certamente o veículo não cairia. Há falhas no projeto geométrico, não existe concordância parabólica. A curva é muito curta e forma um bico. O guarda corpo tem uma abertura muito grande, pela qual uma criança pode passar”, observou.

Igreja foi atingida por queda de ônibus em ItaguaíSeverino Silva / Agência O Dia

Moradores da região reclamam das más condições da via. Segundo a dona de casa Vera Lúcia da Silva, de 40 anos, as colisões são frequentes no viaduto. Ela disse que havia buscado o filho na escola e retornava para casa quando viu o ônibus em alta velocidade. "Cheguei a ver de longe o ônibus correndo, desgovernado, em alta velocidade. Chegou a soltar faísca", disse.

A aposentada Isabel Rodrigues, de 75 anos, colocou uma grande pedra em frente à residência, com medo da mesma ser atingida por um veículo.

Uma igreja que fica bem em frente ao viaduto foi atingida. Segundo fieis, o pastor Vivaldo de Souza, responsável pelo local, ajudou a socorrer alguns feridos. "Cheguei aqui depois do acidente e soube que o pastor estava ajudando os feridos, fiquei preocupado com uma irmã da igreja que estava fazendo faxina no local. Enquanto buscamos atendimento para ela, vi os bombeiros aqui socorrendo os passageiros. Foi uma cena muito ruim, triste de ver", relatou o auxiliar de serviços gerais que frequenta a igreja, Eliel de Souza, de 37 anos. 

A prefeitura de Itaguaí vai realizar melhorias no viaduto, conhecido como Tobogã. Segundo Alex Lucena, secretário municipal de Transportes, as reformas serão feitas em até 90 dias.

Igreja ficou destruída após acidente com ônibusSeverino Silva / Agência O Dia

"O departamento de Engenharia e Projetos da Secretaria de Obras realizou uma vistoria técnica aqui no viaduto para identificar possíveis falhas e desníveis. Posteriormente, vamos implementar o conserto nessas falhas apontadas", disse ao Bom Dia Rio nesta quinta-feira. O acidente deixou seis mortos e 34 feridos.

Uma das vítimas denunciou que o motorista dirigia em alta velocidade. Segundo o estudante Everton Monteiro, de 18 anos, minutos antes Carlos Alberto Oliveira da Silva, 39, bateu num carro próximo ao ponto final da linha que dirigia, na Avenida Doutor Curvelo Cavalcante, principal via do município.

"Estava indo para o ponto final pegar o ônibus quando vi que o ônibus bateu num carro. Ele e o motorista do veículo discutiram muito e cada um seguiu seu caminho. Uma senhora reclamou com ele e ele foi grosseiro com ela. O motorista (do ônibus) estava muito nervoso e já saiu do ponto correndo. Mas aqui é assim mesmo: os motoristas correm muito, já estamos acostumados porque ninguém faz nada", contou o rapaz.

Everton e a namorada, Rosekelly Nascimento, 16, ficaram feridos. Eles foram socorridos no Hospital São Francisco Xavier, em Itaguaí. Até a noite desta quarta-feira ele havia sido liberado e ela estava em observação.

Um drama entre os feridos é o da dona de casa Soleise Imbuzeiro dos Santos, 29, que estava intenada em estado grave até a noite de quarta-feira no Hospital São Francisco Xavier. Ela é mãe do pequeno Josué, de um ano, e se machucou muito para proteger o filho. A vítima havia saído com o filho para fazer compras para casa.

"Ela agarrou o menino para que ele não se machucasse. Ele está com o rosto inchado, mas já foi para casa. Ela ficou muito ferida na cabeça e está com os olhos inchados, que não abrem. Se Deus quiser, ela vai ficar bem", disse a tia, Soluar De Brito, 54.

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