Por tamyres.matos

Rio - A primeira reunião de trabalho da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) dos Ônibus, que seria realizada nesta terça-feira, foi suspensa. A conferência desta segunda não contou com a presença do presidente da CPI, Chiquinho Brazão (PMDB), do seu relator, Professor Uóston (PMDB), e dos vereadores Jorginho da SOS (PMDB) e Renato Moura (PTC), todos integrantes da Comissão. Eles alegam falta de segurança.

A reunião durou cerca de 1h30 e 30 vereadores, dos 51 ao total, compareceram à Câmara. O vereador Eliomar Coelho (PSOL), idealizador do processo investigativo, foi convidado na última hora para o encontro com Jorge Felippe (PMDB), presidente da Câmara, e outros vereadores da Casa. Eliomar propôs a abertura da comissão para apurar a atual situação dos ônibus no Rio. A manobra para não deixá-lo assumir a presidência provocou a ocupação da Câmara por estudantes.

Câmara segue ocupada e reivindicações de manifestantes ainda não foram discutidas por vereadoresFernando Souza / Agência O Dia

“Não deixa de ser uma vitória (a suspensão), mas as negociações têm que continuar. Do jeito que está não pode ficar. É inadimissível se instalar uma CPI sem subsídios mínimos e detalhes técnicos, para se cobrar os responsáveis pelo sistema de transporte”, disse Eliomar, após ser informado pela assessoria de Jorge Felippe, que a reunião de terça havia sido suspensa.

Eliomar acredita que esteja em curso uma espécie de golpe da base governista para que a CPI não avance em direção a resultados efetivos. Doze jovens permanecem dentro da Casa à espera de que suas reivindicações sejam atendidas. O clima ainda é tenso do lado de fora, onde parte dos mais de 200 ativistas tenta furar o bloqueio imposto por seguranças.

A manifestação ocupou por mais de uma hora a Avenida Rio Branco na altura da Câmara. Os ativistas se reuniram na Igreja da Candelária, fizeram o seguinte percurso: Avenida Rio Branco, Almirante Barroso, Presidente Antônio Carlos e Araújo Porto Alegre. A Rio Branco foi reaberta e alguns manifestantes caminham em direção à Zona Sul da cidade.

Eliomar Coelho é idealizador da CPI dos ÔnibusFernando Souza / Agência O Dia

Durante a reunião desta segunda, os pontos reclamados pelos manifestantes não foram discutidos. São eles: 
- Anulação da instalação da CPI dos Ônibus; (ocorrida hoje)
- Renúncia dos seguintes parlamentares membros da comissão: Chiquinho Brazão, Jorginho do SOS, Professor Uóston e Renato Moura;
- Participação da CPI dos Ônibus exclusiva para os vereadores que assinaram a instalação da comissão;
- Que o presidente da CPI seja o vereador proponente, no caso, Eliomar Coelho (PSOL);
- Que todas as reuniões sejam programadas e divulgadas com antecedência;
- Criação de uma Comissão Popular Parlamentar;
- Reforma do regimento interno da Câmara para que seja legitimado o protesto e sejam respeitados os direitos humanos fundamentais;
- Anistia dos presos políticos que foram processados criminalmente nos atos de protesto;
- Que a desocupação da Câmara Municipal ocorra respeitando a integridade física e jurídica dos manifestantes.

'Parlamentar não deve andar de ônibus'

O deputado federal Jair Bolsonaro (PP-RJ) comentou, nesta segunda-feira, a ocupação de manifestantes na Câmara Municipal, no Centro, e a criação da CPI dos Ônibus. De acordo com o político, cujo filho Carlos é vereador, "parlamentar não deve andar de ônibus".

"Fui ser deputado federal para não andar de ônibus, fusca, van, morar bem e pensar no bem do povo e da minha família. Ser pobre e miserável não é o que o vereador merece, mas também não precisa passar ao largo dos problemas do município", disse, ao ser perguntado por um vendedor ambulante se o transporte não seria melhor caso os políticos utilizassem o serviço.

Bolsonaro criticou os manifestantes que ocupam a Câmara, dizendo que os jovens não têm qualificação para fazer cobranças. Apesar de discordar da manifestação, ele acusa a Fetranspor de financiamento político, afirmando que isso impede uma investigação transparente dos vereadores.

Bolsonaro acredita que parlamentares não devem usar transporte público para se locomoverEstefan Radovicz / Agência O Dia

"Acho um abuso o que está acontecendo aí dentro. Eles (jovens) não têm direito de invadir a Câmara e pichar vários andares. Que tem coisa errada dentro do transporte, tem, e bastante. Mas esse pessoal aí nao tem qualificação para cobrar. E são poucos os vereadores que têm", disse o deputado, que ainda acusou o PSOL de patrocinar o movimento.

"Você vê como esses jovens estão direcionados. Não tem críticas ao PT e ao PSOL. E tenho certa desconfiança de que o PSOL está patrocinando isso aqui. Não há a menor dúvida de que o PSOL é o partido que apoia ditaduras", declarou.

Você pode gostar