Por cadu.bruno

Rio - O Movimento Rio de Paz realiza um ato público neste sábado, às 15h, pela morte de mãe e filha durante uma operação policial realizada no Morro da Quitanda, em Costa Barros, na última quinta-feira.

Ao lado da comunidade, que acusa policiais pela morte das duas mulheres, a ONG pretende transmitir solidariedade à família das vítimas e enfatizar que a preservação da vida de civis é mais importante que a prisão de bandidos.

Para auxiliar nesse momento, João Tancredo, advogado que está assessorando a família no caso do desaparecimento do pedreiro Amarildo, advogará em nome da família. A manifestação acontece na Estrada de Botafogo, em frente à Igreja Nova Vida, em Costa Barros.

Policiais à paisana participaram de operação em Costa Barros, diz PM

A Polícia Militar confirmou nesta sexta-feira, em nota, que quatro PMs do Serviço Reservado (P2) do 41º BPM (Irajá) estavam à paisana durante operação que culminou na morte de mãe e filha no Morro da Quitanda, em Costa Barros, na manhã de quinta-feira. Alessandra de Jesus, de 24 anos, foi baleada na cabeça, e Maria de Fátima de Jesus, 52, no tórax.

Parentes acusam a polícia de envolvimento com mortes de mãe e filhaSeverino Silva / Agência O Dia

Ambas foram enterradas na tarde de ontem no Cemitério de Inhaúma. Há a suspeita de que elas tenham sido atingidas por um único tiro de fuzil.

Segundo testemunhas, um bandido passou correndo, quando policiais à paisana teriam atirado em sua direção e atingido Alessandra, que estava com a filha Carolina, 2, no colo, e Maria de Fátima.

Vídeo obtido com exclusividade pelo SBT Rio mostra os corpos de Maria de Fátima de Jesus, de 52 anos, e de Alessandra de Jesus, de 23, logo após o tiroteio na favela. Nas imagens, moradores acusam PMs de não prestar socorro às vítimas.

Alex dos Santos de Jesus, irmão gêmeo de Alessandra, diz não ter dúvidas da autoria do crime. “Várias testemunhas viram PMs à paisana atirando na direção delas. Vamos aguardar o laudo pericial para processar o estado. Minha irmã deixou cinco filhos pequenos e mais uma de criação, que não podem ficar desamparados”.

Segundo a Polícia Militar, os agentes da P2 investigavam denúncias de que moradores estariam sendo maltratados por traficantes da favela. De acordo com a Divisão de Homicídios (DH), responsável pelo caso, além de perícia local, as armas dos policiais foram apreendidas e encaminhadas para confronto balístico, que deve ficar pronto nos próximos dias. Os quatro policiais que estavam à paisana durante a ação e um dos parentes das vítimas já foram ouvidos.

Crianças da comunidade, com cartazes pedindo paz acompanharam o cortejo de mais de 100 pessoas. O grupo cantou hinos evangélicos durante o cortejo e o enterro.

Corpos são sepultados em Inhaúma

Os corpos das vítimas foram sepultados na tarde desta sexta-feira no cemitério de Inhaúma, na Zona Norte. Cerca de 100 moradores do Morro da Quitanda compareceram. Eles gritavam palavras de ordem e acusaram a polícia de matar as mulheres. Parentes não quiseram falar com jornalistas.

Comoção marcou enterro de mãe e filha mortas durante torca de tiros entre PMs e traficantes no Morro da QuitandaErnesto Carriço / Agência O Dia

Mais cedo, no Instituto Médico Legal (IML), Alex dos Santos de Jesus, irmão gêmeo de Alessandra, disse que estava no trabalho quando soube da morte daa mãe e da irmã.

"De imediato imaginei que a polícia tinha feito alguma coisa errada na comunidade. Conversei com muitos moradores, e temos muitas testemunhas que teriam presenciado a operação da polícia. Todas as pessoas afirmam que o tiro que matou minha mãe e minha irmã veio da polícia. A localização de onde elas foram baleadas, além da negligência de os PMs terem deixado elas agonizando durante meia hora no local, sem prestar qualquer tipo de socorro, já comprovam o fato", disse.

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