Rio - Um tenente-coronel da Polícia Militar está entre os 22 suspeitos de integrar a quadrilha do contraventor Fernando Iggnacio que foram presos ontem, na Operação Perigo Selvagem. De acordo com o Ministério Público e a PM, Marcelo Bastos Leal era o homem que coordenava toda a segurança do bando. O oficial, lotado na Diretoria Geral de Pessoal da corporação, é um dos 10 policiais capturados.
Iggnacio conseguiu escapar. Ele é acusado pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MP de ser um dos chefões no estado da máfia dos caça-níqueis e também da exploração de máquinas de música conhecidas como Jukebox.
Ainda segundo a investigação, o tenente-coronel teria planejado matar o coronel Erir Ribeiro, na época em que o ex-comandante geral da PM esteve à frente do 2º Comando de Policiamento de Área (CPA). O motivo: o aumento da repressão às atividades ilícitas na Zona Oeste. “Tivemos conhecimento deste plano, mas a operação desta quarta-feira (ontem) se restringiu à atuação do oficial como chefe de segurança da quadrilha de Iggnacio. Este plano (de matar Erir) está em outra investigação”, explicou o promotor Décio Alonso Gomes.
Na denúncia contra o tenente-coronel, conhecido pelo apelido de Pastor, há ainda a informação de que ele seria o mandante do assassinato do sargento Antônio Carlos Macedo, numa briga pela chefia do grupo que realiza a segurança das máquinas de caça-níquel da quadrilha do contraventor Rogério Andrade.
Segundo a denúncia, mulher identificada como Andréia Melo Conrado também foi presa. “Ela substituía o tenente-coronel dando ordens ao restante da quadrilha durante reuniões no Restaurante Frangolaço, do Marcelo Leal, em Bangu”, disse o promotor.
Também foram capturados o sargento do Bope Silvio Cesar Lopes Vieira, o capitão Walter Colchone Netto, do 20º BPM (Nova Iguaçu), e mais cinco sargentos e dois cabos do 22º BPM (Maré), 39º BPM (Belford Roxo), 41º BPM (Irajá) e BPVE (Batalhão de Policiamento em Vias Especiais).
Possível vazamento livrou líder do bando
Principal alvo da Operação Perigo Selvagem, o contraventor Fernando Iggnacio não foi localizado devido ao suposto vazamento de informações sobre a operação. Os policiais vasculharam o apartamento do contraventor, em São Conrado, onde encontraram seus familiares; e uma casa na Ilha Grande, onde ninguém foi encontrado.
Os promotores do Ministério Público, no entanto, acreditam que a prisão de Iggnacio não deve tardar, mas não quiseram dar detalhes sobre a investigação.
“Não temos a pretensão de acabar com o jogo do bicho, mas é importante tirar de circulação pessoas como estas presas hoje (ontem), que são altamente nocivas à sociedade”, disse o promotor Décio Alonso.
A operação contou com 400 policiais em 100 viaturas e dois helicópteros, e apreendeu mais de 600 máquinas caça-níqueis, R$ 500 mil e 59 veículos.
PEC 37 é lembrada
O promotor Cláucio Cardoso da Conceição, coordenador do Gaeco, fez questão de lembrar o que chamou de ‘importância de o Congresso Nacional ter, graças à pressão popular que tomou conta das ruas do país, rejeitado a emenda constitucional que limitaria o poder de investigação do Ministério Público, que ficou conhecida como PEC 37’.
“A operação foi um exemplo da importância do MP, uma espécie de prestação de contas em relação à PEC 37 que, para o bem da sociedade, foi rejeitada. É importate para o Ministério Público poder investigar diretamente e com o suporte da Polícia Militar”, agradeceu o coordenador do Gaeco.
Colaborou Alessandro Lo-Bianco