Por tamyres.matos

Rio - Um dia após a tumultuada audiência pública da CPI dos Ônibus, que está suspensa por ordem judicial, o relator da Comissão vereador Professor Uóston (PMDB) resolveu desabafar sobre os trabalhos no Plenário.

"Tive vergonha da audiência de ontem (quinta-feira). O que nós fizemos na Câmara foi um desrespeito ao secretário Osório, ao ex-secretário Sansão e ao Hélio Borges. Eles foram convidados por nós e acabaram sendo submetidos ao deboche", declarou Uóston, que mais uma vez criticou o vereador Eliomar Coelho (Psol), também membro da Comissão.

"Foi uma falta de respeito ele não participar dos trabalhos. Ele tinha que estar ali, quebrando o pau conosco. Ele tinha que cumprir o dever de quem propôs a CPI", concluiu.

Servidores do Governo participam de confronto na Câmara

Dois dos nove homens detidos nesta quinta-feira por supostas agressões e ameaças em tumulto na sessão da CPI dos Ônibus na Câmara dos Vereadores trabalham na Secretaria Estadual de Governo e, segundo a assessoria de imprensa da pasta, serão exonerados hoje. Segundo o órgão, Leandro Carlos de Souza e Maicon Justino de Jesus serão demitidos “por terem participado, sem autorização, da manifestação durante o expediente de trabalho”. A publicação sairá hoje, no Diário Oficial do governo.

No Facebook, Leandro aparece em fotos junto com o governador Sérgio Cabral e, em outra, com seu filho, Marco Antonio Cabral. Maicon Justino também exibe fotos com o filho do governador e, em outras, aparece com uniformes da secretaria. O prefeito Eduardo Paes também aparece nos álbuns de fotos dos funcionários.

Servidor Leandro Carlos (ao lado de Sérgio Cabral) foi detido por agressãoReprodução

Os outros sete detidos estão na rede social como amigos dos dois servidores. Um deles, inclusive, postou uma foto da fachada da Câmara com a frase “olha onde o Leandro Carlos me boto (sic)” e, em outra, o interior da Casa com os dizeres “Hoje a porrada vai comer, porra (sic)”.

Os homens, chamados de ‘milicianos’ por manifestantes que são contra a CPI, foram levados para a 5ª DP (Mem de Sá), onde foram reconhecidos por pelo menos duas pessoas por agressões e ameaças. Os processos dos suposto crimes, considerados de baixo potencial ofensivo, serão encaminhados ao Juizado Especial Criminal (Jecrim).

Na delegacia, o grupo negou qualquer envolvimento com milícia e alegou que também sofreu ameaças de manifestantes. Dois dos detidos disseram ter sofrido lesões e foram encaminhados para exames de corpo de delito. De acordo com a 5ª DP, nenhum dos nove acusados têm passagem pela polícia. Em depoimento, alguns disseram serem vigias e, outros, se declararam desempregados.

No plenário lotado, ânimos exaltados, vaias e aplausos

O Plenário virou ringue. Por três horas de audiência era impossível um minuto de silêncio. Os ânimos dos 160 manifestantes que lotaram as galerias estavam mais que exaltados. Na galeria B, o grupo contra CPI foi vestido a caráter, com representação de baratas (em alusão ao empresário Jacob Barata), e exibindo cartazes que pediam o fim da Comissão. Já do outro lado, na galeria A, a ocupação foi de pessoas que ovacionavam cada membro da CPI e agitavam faixas de “Deixa a CPI trabalhar”.

Quando o relógio do Plenário marcou 10h, a gritaria começou. O presidente da Comissão, Chiquinho Brazão (PMDB), mal conseguiu abrir a sessão. Eram vaias de um lado e aplausos do outro. “Quem vem contra ou a favor é bem-vindo”, comentou o vereador, até que um tênis quase o atingiu. A ‘sapatada’ veio da galeria A.

Na ala dos ‘a favor’, preenchida com vários membros da juventude do PMDB, poucos sabiam do que realmente se tratava a CPI. “Não sei muito disso, mas me chamaram, e eu vim pra ver”, disse Carlos Moreira, morador de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, que engrossava o coro do “Fica, Brazão!”.

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