Por bferreira

Rio - Eles são garbosos, altivos, têm porte atlético e até já foram estrelas em filmes famosos. No topo da cadeia alimentar, falcões e gaviões sempre encantaram pela beleza e elegância. Agora, eles se transformaram na mais nova ferramenta utilizada pela Infraero para afugentar aves indesejáveis que rondam o Aeroporto Internacional do Rio de Janeiro, na Ilha do Governador, provocando pequenos acidentes com aviões e enormes prejuízos às empresas.

O falcoeiro%2C responsável pelo treinamento da ave%2C chega a levar cerca de um ano para ganhar a confiança dos bichos%2C que não matam suas presasDivulgação

O Aeroporto da Pampulha, em Belo Horizonte (MG), foi o pioneiro no uso de aves de rapina para espantar outros bichos de penas que fazem dos aeroportos o seu lar, doce lar. Depois, o projeto se estendeu para Vitória, Confins, Porto Alegre e, em maio passado, aterrissou no Rio — para a alegria de pilotos e passageiros e desespero dos urubus, carcarás, garças e quero-queros que frequentam as pistas de pouso e decolagem.

“Houve uma redução no número de acidentes envolvendo aves, mas ainda é cedo para falar, porque também utilizamos outros métodos de contenção, como armadilhas, por exemplo. Acredito que em mais três meses possamos aferir os resultados do projeto”, afirmou Priscila da Silva Souza, coordenadora de Meio Ambiente da Infraero.

São cinco falcões e sete gaviões treinados especificamente para atacar as cerca de 300 aves que habitam o espaço do aeroporto e voam em grandes bandos. Quando os “galãs” chegam, não tem lugar para canastrões e um do grupo inimigo é sempre subjugado. A partir daí, é método pavloviano: melhor encontrar outras paragens, para não ser o próximo.

Guardiões têm alimentação especial

Marcus Estevan, 25 anos, fascinado pela imponência das aves de rapina, aos 18 anos começou o curso para lidar com esses animais e, agora, é um dos dois falcoeiros que trabalham com os cinco falcões e sete gaviões no projeto da Infraero.

Ele explica que o treinamento das aves consiste em imobilizar, mas não matar o oponente — os animais capturados são soltos no Parque Gericinó, em Nilópolis. Depois que ele pega a outra ave, espera o instrutor se aproximar e trocar a presa dele por um “mimo”: pedaços de rato e codorna congelados.

Mas não é qualquer rato, nem codorna: são criados especialmente para servir de banquete aos figurões dos céus, que só ingerem comida balanceada.

Falcão atinge até 320 km/h

Se a águia tem visão de super-homem, o falcão é uma espécie de caça MIG-25 das aves da rapina: sobe e depois mergulha a 320 quilômetros por hora. Não há como escapar ao bote.

Eles chegam selvagens para o treinamento e interagem com os falcoeiros até que estes, finalmente, conquistem a confiança dos bichanos - o que ocorre em um ano, mais ou menos.

Tratados como astros pela empresa Cepar (Centro de Preservação de Aves de Rapina), as aves trabalham em escalas de até dez minutos para não se cansarem.

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