Rio - Para justificar o afastamento do major Edson Santos do comando da UPP Rocinha, o coronel Frederico Caldas, que está à frente da Coordenadoria de Polícia Pacificadora (CPP), disse que vai promover ‘dança das cadeiras’ nas unidades. Santos, que não suportava mais o desgaste provocado pelo desaparecimento do pedreiro Amarildo de Souza, saiu de férias ontem e não volta ao cargo.
Para o lugar dele estão cotados a major Pricilla Azevedo, que comandou a primeira unidade no Santa Marta, e o tenente-coronel Cláudio Bessa. Nesta quarta, nova denúncia foi feita por parentes de Amarildo. Segundo o advogado João Tancredo, que representa a família do desaparecido, Marcos Vinícius Dias, de 20 anos, sobrinho do pedreiro, foi ameaçado na Rocinha por policiais da UPP na tarde de domingo passado.
“Ele relatou que foi abordado por PMs que apontaram armas para a cabeça dele e o interrogaram sobre porte de arma e drogas”, explicou João.
Marcos teria sido chamado de ‘mentiroso’ e ‘folgado’ ao responder que não sabia de drogas, nem de armas. De acordo com o relato do jovem e da namorada dele, na localidade do 99, onde ocorreu a abordagem, PMs também o ameaçaram de morte. Eles teriam dito que, se fosse à noite, Marcos Vinícius desapareceria.
“Aconselhei a família a procurar a 15ª DP (Gávea) e fazer essa denúncia às autoridades. Isso é grave e precisa ser investigado no âmbito do inquérito do desaparecimento de Amarildo”, avaliou João Tancredo.
Sumiço após ‘verificação de documentos’
Amarildo de Souza, 47 anos, foi levado à sede da UPP Rocinha na noite de 14 de julho. Segundo o então comandante da unidade, major Edson Santos, depois de verificada a documentação do pedreiro, ele foi liberado, mas desapareceu. Câmeras instaladas na favela não mostraram Amarildo deixando a UPP e algumas delas estavam quebradas.
O caso virou mote dos protestos contra o governador Sérgio Cabral e a violência policial. A Divisão de Homicídios assumiu o inquérito, então a cargo da 15ª DP (Gávea), e ainda não encerrou as investigações.