Por tamyres.matos

Rio - Para justificar o afastamento do major Edson Santos do comando da UPP Rocinha, o coronel Frederico Caldas, que está à frente da Coordenadoria de Polícia Pacificadora (CPP), disse que vai promover ‘dança das cadeiras’ nas unidades. Santos, que não suportava mais o desgaste provocado pelo desaparecimento do pedreiro Amarildo de Souza, saiu de férias ontem e não volta ao cargo.

Para o lugar dele estão cotados a major Pricilla Azevedo, que comandou a primeira unidade no Santa Marta, e o tenente-coronel Cláudio Bessa. Nesta quarta, nova denúncia foi feita por parentes de Amarildo. Segundo o advogado João Tancredo, que representa a família do desaparecido, Marcos Vinícius Dias, de 20 anos, sobrinho do pedreiro, foi ameaçado na Rocinha por policiais da UPP na tarde de domingo passado.

Edson Santos não é mais o comandante da UPP da RocinhaAlessandro Costa / Agência O Dia

“Ele relatou que foi abordado por PMs que apontaram armas para a cabeça dele e o interrogaram sobre porte de arma e drogas”, explicou João.

Marcos teria sido chamado de ‘mentiroso’ e ‘folgado’ ao responder que não sabia de drogas, nem de armas. De acordo com o relato do jovem e da namorada dele, na localidade do 99, onde ocorreu a abordagem, PMs também o ameaçaram de morte. Eles teriam dito que, se fosse à noite, Marcos Vinícius desapareceria.

“Aconselhei a família a procurar a 15ª DP (Gávea) e fazer essa denúncia às autoridades. Isso é grave e precisa ser investigado no âmbito do inquérito do desaparecimento de Amarildo”, avaliou João Tancredo.

Sumiço após ‘verificação de documentos’

Amarildo de Souza, 47 anos, foi levado à sede da UPP Rocinha na noite de 14 de julho. Segundo o então comandante da unidade, major Edson Santos, depois de verificada a documentação do pedreiro, ele foi liberado, mas desapareceu. Câmeras instaladas na favela não mostraram Amarildo deixando a UPP e algumas delas estavam quebradas.

O caso virou mote dos protestos contra o governador Sérgio Cabral e a violência policial. A Divisão de Homicídios assumiu o inquérito, então a cargo da 15ª DP (Gávea), e ainda não encerrou as investigações.

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