Rio - Em meio às discussões e manifestações de intolerância ao trabalho de médicos estrangeiros no Brasil, os que dependem da rede pública de saúde continuam a sofrer com a falta de profissionais brasileiros que lhes atendam. Nesta quarta-feira, na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Campo Grande, pacientes denunciavam a falta de socorristas durante parte da manhã.
Segundo funcionários da unidade da Estrada do Mendanha, quatro clínicos gerais e quatro pediatras só chegaram por volta das 10h, o que causou longa fila de espera. Alguns dos doentes que chegaram nos primeiros horários da manhã, aguardaram mais de sete horas por atendimento.
Embora temessem que a espera agravasse seus casos, os pacientes pareciam conformados com a situação. “Quem depende de UPAs é refém da sorte. Às vezes somos rapidamente atendidos, mas geralmente penamos. O quadro não é exclusivo desta unidade”, garantiu o profissional liberal Gilmar Faria. Ele chegou ao local às 11h com fortes dores no peito, mas por causa da fila formada pela manhã, só conseguiu ser atendido às 17h.
Quadro semelhante viveu o bombeiro hidráulico Valmir Figueiredo. Com dores no pulmão e tosse insistente, relatou ter sido orientado a procurar o atendimento emergencial do local por funcionários do Hospital Rocha Faria, na véspera. Ao chegar na UPA, às 9h30, foi informado pela recepcionista que não havia médicos naquele horário e instruído a esperar. Uma máscara cirúrgica foi dada a ele para evitar uma possível contaminação do ar. “Me sinto humilhado, entregue”, garantiu após realizar um exame às 18h.
Em nota, a Secretaria Estadual de Saúde negou que os médicos só tenham chegado ao local às 10h, e garantiu realizar o monitoramento da frequência dos profissionais por ponto biométrico e imputar punições administrativas aos faltosos. Os pacientes seriam atendidos respeitando o critério da gravidade dos casos. Porém, a secretaria não informou o nome dos médicos que teriam feito o atendimento no começo da manhã, como foi solicitado.
Ministério diz que vai punir fraudadores
A rotina de fraudes cometidas por médicos e enfermeiros, entre outros plantonistas do Hospital Cardodo Fontes, em Jacarepaguá, que não aparecem para trabalhar mas dão expediente em consultórios particulares, conforme O DIA mostrou nesta quarta, revoltou pacientes e internautas.
Mais de 30 profissionais, com salários de até R$ 16 mil, estão envolvidos no esquema. Em nota, o Ministério da Saúde limitou-se a informar que sindicância foi aberta e “devidas providências” serão tomadas no final da apuração das denúncias.