Por thiago.antunes

Rio - Feita por debaixo dos panos. A operação montada pelo comando da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Favela da Rocinha no dia do desaparecimento do ajudante de pedreiro Amarildo de Souza não era autorizada pela Justiça. Com apoio de homens escolhidos a dedo pelo major Edson Santos nas fileiras do Batalhão de Operações Especiais (Bope), os policiais deflagraram a ação para localizar armas escondidas em casas da comunidade sem mandado de busca e apreensão.

Para dar uma aparência legal à ação reservada, os PMs da UPP usaram o artifício de anunciar que a ofensiva era uma extensão da Operação Paz Armada - realizada, em conjunto pelas policiais Civil e Militar, um dia antes na Favela Rocinha. Mas esqueceram de um detalhe: a Justiça só autorizou mandados de prisão para operação - 58 ao todo. Os pedidos de busca foram indeferidos no processo.

Como O DIA revelou nesta segunda-feira, ao chegar na UPP da Rocinha, o major Edson Santos levou 20 policiais com passagem pelo Bope e criou a sua própria tropa de elite para combater o tráfico de drogas.

Para a polícia%2C reconstituição ajudou nas investigaçõesSeverino Silva / Agência O Dia

O grupo tinha caído em desgraça na corporação ao se recusar a reprimir a greve de PMs no ano passado e acabou transferido para batalhões do interior, até receber o chamado do oficial, em setembro. A ideia de reforçar a tropa com homens experientes em ações especiais e criar um grupo tático surgiu após as informações de que várias armas - inclusive fuzis - tinham entrado na Rocinha após o processo de pacificação, o que colocava em risco a vida dos policiais.

Quatro dos homens da “tropa de elite” estavam de serviço nas imediações da UPP na hora em que auxiliar de pedreiro foi levado até a sede da polícia. Outros integrantes do grupo participaram da ação, mas foram liberados antes.

Reconstituição sem a família da vítima

Após 16 horas, terminou às 11h de ontem a reconstituição do desaparecimento de Amarildo. O delegado Rivaldo Barbosa, da DH, pediu urgência no laudo sobre o trabalho, que reuniu 100 policiais e peritos do Instituto de Criminalística Carlos Éboli.

“A reconstituição trouxe vários esclarecimentos, e demos um bom passo na investigação”, disse Rivaldo. Nesta segunda-feira, após passarem a madrugada percorrendo locais na favela por onde Amarildo esteve, a simulação se concentrou na sede da UPP na localidade Portão Vermelho, onde PMs da UPP foram ouvidos. “Os policiais foram levados aos locais separados uns dos outros”, disse o delegado.

Os policiais não foram à casa de Amarildo e os parentes do pedreiro também não participaram da reprodução, apenas o advogado da família, João Tancredo

Você pode gostar