Por bianca.lobianco

Rio - O grupo Black Bloc estava se armando para os programados protestos do próximo sábado, dia 7 de setembro. Esta foi a conclusão da investigação conduzida pela Delegacia de Repressão a Crimes de Informática (DRCI) que prendeu três jovens e apreendeu dois adolescentes nesta quarta-feira pela manhã. Uma faca e um artefato de ferro com várias pontas foram motivos para enquadrar o grupo em flagrante por formação de quadrilha armada, crime inafiançável. Eles também vão responder por incitação à violência e ao vandalismo.

“No site do grupo havia uma convocação para que outros integrantes fabricassem esse material perfurante, conhecido como ouriço ou jacaré, e que é usado para furar pneus. Ocorre que se isso for atirado, e atingir alguém, vai causar ferimento e pode até matar. O que eles fazem desqualifica as manifestações”, explicou a chefe de Polícia, delegada Martha Rocha.

Daniel Guimarães Ferreira, de 21 anos, foi preso em casa, no Cachambi, junto com o irmão adolescente. Ele confessou participar das manifestações, disse que estuda para fazer prova para o Exército e se vangloriou de conhecer armas, saber montar e desmontar pistolas.

Menor é apreendido durante operação para prender Black BlocsAlessandro Costa / Agência O Dia

Ele e os outros três maiores foram levados para o Presídio de Água Santa. Os menores foram encaminhados à Delegacia de Proteção à Criança e o Adolescente. Outro detido, identificado apenas como Yan, preso em Maricá, foi indiciado ainda por pedofilia, pois a polícia encontrou filmes de sexo com crianças em seus arquivos digitais. A polícia recolheu máscaras usadas nos protestos e de gás e uma pequena quantidade de maconha. Celulares e computadores apreendidos servirão para tentar identificar outros 50 integrantes do grupo.

Em outra incursão, a DRCI tentou encontrar uma jovem, que faria parte do grupo, mas ela está de férias na Bolívia, segundo informaram parentes. Ela seria namorada de um dos detidos.

OAB vê ranço de conservadorismo e pede cautela para evitar injustiças

Um grupo de advogados voluntários, ligado à Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), foi à sede da DRCI para se inteirar das acusações e tentar ajudar os jovens detidos.

“Estamos entrando com uma petição neste momento para ter acesso ao inquérito, que tem três volumes e, depois disso, buscar meios para pedir o habeas corpus para eles, que estão muito assustados. Há familiares chorando, a situação é grave”, avaliou a advogada Eloísa Samy.

Para Carlos Viana, os rapazes enfrentam o poder constituído quando fazem manifestações e é preciso calma de ambas as partes, dos manifestantes e do governo, para que injustiças não sejam cometidas em nome da ordem pública.

“A criminalização de movimentos sociais é uma característica histórica do estado brasileiro. Se antes víamos isso muito comumente nas favelas, hoje vemos em casos assim, pois esses movimentos incomodam o poder”, argumentou Carlos Viana.

ANONYMOUS DERRUBA SITE OFICIAL DO MP

Uma pane na página oficial do Ministério Público do Rio (MP) na internet, nesta quarta, teria sido sido causada por hackers ligados ao movimento Anonymous. O endereço eletrônico ficou fora do ar a partir das 9h e ficou instável durante a tarde. Internautas chegaram a relatar, nas redes sociais, que ao tentarem acessar o endereço, eram direcionados para a página do Anonymous.

O ataque virtual teria sido uma retaliação à operação da Delegacia de Repressão a Crimes de Informática, que prendeu três jovens e apreendeu dois adolescentes, acusados de participarem do movimento Black Bloc.

O MP confirmou que os problemas no site foram resultado de ataque de hackers e que o grupo Anonymous era o principal suspeito. Nesta terça-feira, o Anonymous invadiu o site da Caixa Econômica Federal. O banco admitiu em comunicado oficial que diversos serviços online sofreram com lentidão, mas que não havia risco de quebra de dados sigilosos.

O ataque foi anunciado pelos manifestantes na noite de segunda-feira. Em um novo comunicado, já na tarde de terça, o Anonymous disse que atacaria em novo endereço. “Vamos deixar a galera da Caixa trabalhar um pouco, e vamos aprontar os canhões para outro alvo...", escreveram os hackers.

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