Rio - O ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, determinou ontem que a Advocacia-Geral da União (AGU) analise a possibilidade de a Polícia Federal (PF) assumir as investigações do caso do pedreiro Amarildo de Souza. Ele desapareceu há quase dois meses, após ser levado por PMs da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Rocinha à sede da unidade na favela.
A decisão de Cardozo foi tomada após audiência no ministério, em Brasília, com dez deputados federais da bancada do Rio. O ministro ponderou que o desaparecimento de Amarildo não é um crime federal, mas que estudará medidas para saber como o Ministério da Justiça e a Polícia Federal podem colaborar com o caso.
O encontro entre Cardozo e os deputados foi solicitado pelo e líder da bancada do PR, Anthony Garotinho, a pedido do deputado Geraldo Pudim (PR). Participaram da reunião, além de Garotinho, os deputados Jandira Feghali (PC do B), Alessandro Molon (PT), Simão Sessim (PP) e Otávio Leite (PSDB).
O pedido encaminhado a Cardozo por Pudim é baseado no artigo 144 da Constituição e na Lei 10446/2002, que trata da intervenção da PF em casos de repercussão interestadual e internacional, como é o de Amarildo. Em nota, os deputados afirmam que o corporativismo das polícias do estado está impedindo que a investigação avance.
“A polícia do Rio caiu em descrédito após o caso Amarildo. Os fortes indícios de envolvimento de policiais da UPP nos dão calço legal para solicitar a federalização dessas investigações. Os deputados enxergam falhas na condução do caso. Acredito que o ministro tenha saído da reunião bastante sensibilizado”, contou Pudim.
O desaparecimento de Amarildo está a cargo da Divisão de Homicídios. A especializada trabalha com duas linhas de investigação: de que Amarildo foi morto pelo tráfico e outra que ele foi executado por policiais da UPP. A família do pedreiro já pediu à Justiça o reconhecimento da morte presumida dele.