Rio - Conhecido pelo estilo questionador, seja nas entrevistas ou nas letras das suas canções, Caetano Veloso estava no grupo de intelectuais que se reuniu nesta quinta-feira com o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, para cobrar maior comunicação entre as polícias e a população durante as manifestações. Há uma preocupação com os protestos agendados para este sábado, no 7 de Setembro.
“Vivemos um momento fascinante e complexo, no qual falta diálogo. Viemos fazer pedidos pontuais em relação às atitudes da polícia, para que não haja estímulo à violência. Queremos pedir o mesmo aos manifestantes”, contou o músico, que foi perseguido político no período da ditadura militar.
“Eu fiquei preso ali, com (Gilberto) Gil”, disse Caetano, apontando para o prédio do Comando Militar do Leste, onde amanhã o Exército promoverá o desfile do Dia da Independência, sob ameaças de novos e imprevisíveis protestos.
“O secretário (Beltrame) se mostrou uma pessoa humana e humilde, e prometeu rever essa questão de melhor se comunicar com a população, adotando uma estratégia policial transparente, correta e prestadora de contas”, ponderou a socióloga Jacqueline Muniz.
Ela e outros 25 formadores de opinião assinaram uma carta com as reivindicações do grupo, entre eles, o compositor Chico Buarque, que não compareceu à reunião, na sede da secretaria, na Central do Brasil.
“Beltrame desfruta de um reconhecimento da população e isso pode ajudar a fechar o ‘buraco’ de comunicação entre o governo e o povo para acabar com a violência gratuita nos manifestos”, analisou o músico Sidney Waismann, presente ao encontro, que durou cerca de três horas.
O secretário não quis se pronunciar sobre a reunião. Segundo a assessoria, uma nota deverá ser emitida nesta sexta.