Por thiago.antunes

Rio - As denúncias que podem tirar o mandato da deputada estadual Janira Rocha expõem o dilema que o Psol do Rio vive hoje para tentar esclarecer que, no partido, corrupção não é rotina. A principal preocupação agora é redobrar os esforços para mostrar que há diferenças entre as suspeitas de desvio de dinheiro do Sindsprev-RJ, onde a parlamentar já foi dirigente, para ‘fazer política’ e práticas de caixa 2 e escândalos como o do Mensalão.

Janira já está isolada na legenda para que seu caso seja considerado um exemplo de como o Psol é ágil ao cortar na própria carne. “O que tem que diferenciar o Psol não é a qualidade de uma pessoa, mas como o problema é tratado. Não podemos pré-julgar a deputada”, diz o deputado estadual Marcelo Freixo.

Janira não comenta as denúncias enquanto não vir o ‘dossiê’ contra elaCarlo Wrede / Agência O Dia

Desde que foi denunciada por dois ex-funcionários, Janira entregou os cargos de presidenta regional do partido no Rio e líder da bancada de dois que forma com Freixo na Alerj. Também é alvo de sindicância da Corregedoria da Casa e da Comissão de Ética do Psol.

Cristiano Ribeiro Valladão e Marcos Paulo Alves tentaram vender as denúncias contra Janira para a secretária estadual de Proteção e Defesa do Consumidor, Cidinha Campos (PDT). Ela chamou a polícia, e os dois foram detidos.

O deputado federal Chico Alencar ajuda a isolar a quase ex-companheira: “Tanto o partido quanto ela (Janira) tomaram as medidas corretíssimas. A deputada tem que ter direito de defesa, mas seria positivo ela considerar se licenciar do Psol para poupar o partido.”

Chico também insiste que não pode haver “pré-julgamento”. Admite: “Aprendemos com os erros do PT.” Mas diz que há “diferenças sensíveis” entre seu atual partido e o antigo. Por exemplo: “A gente não tenta esconder irregularidades.”

Suspeita de irregularidades

Em depoimento na Delegacia de Polícia Fazendária, Marcos Paulo Alves, diz que o ‘dossiê’ oferecido por R$ 1,5 milhão a Cidinha Campos tem documentos que provam a ‘cotização’ (a devolução de parte do salário do funcionário para o gabinete), os nomes de quem devolvia dinheiro e provas de irregularidades na campanha da deputada.

Segundo Marcos: “Constam do dossiê cópias dos comprovantes do período da campanha de 2010 que não foram declarados ao TRE. (...) O dossiê contém cópia de recibos do período eleitoral para provável pagamento de cabos eleitorais, também não contabilizados pelo TRE. (...) Contém cópia de recibos de gastos de comitês de campanha não contabilizados pelo TRE.”

Em nota divulgada ontem, o Sindsprev-RJ informa que foi aberta Comissão de Ética para apurar as denúncias feitas contra a deputada.

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