Por tamyres.matos

Rio - Além do público e de autoridades que vão prestigiar o desfile militar hoje, na Avenida Presidente Vargas, no Centro, o evento receberá a atenção especial de quase três mil PMs. O efetivo estará de prontidão para evitar possíveis tumultos ou atos de radicais, já que há previsão de manifestações durante a parada. Pelo menos 1.860 homens das unidades especiais e dos batalhões da capital tiveram folgas canceladas por causa do patrulhamento extraordinário — além de mais mil policiais dos quartéis da Região Metropolitana.

A tropa estará distribuída, desde 6h, ao longo da Presidente Vargas, com foco em pontos-chave do desfile: a Igreja da Candelária, onde será a concentração; e na altura da Rua Uruguaiana e da Avenida Passos. As outras ruas laterais, a Alerj e a Câmara dos Vereadores também terão concentração de policiais e viaturas. Além do local do desfile, o reforço na segurança se estenderá até a Zona Sul, com focos de concentração no Leblon e em Laranjeiras.

Policiais fazem cordão de isolamento no Fórum%2C em ato pela liberação de membros dos Black Blocs presosAlexandre Brum / Agência O Dia

Desde 2h da madrugada, PMs vão ocupar as principais saídas de estações de metrô e trens no entorno do Centro. A atenção da tropa também será especial na movimentação nos arredores da Rodoviária Novo Rio. O aparato de proteção terá três aeronaves do Grupamento Aeromóvel, a Coordenadoria de Inteligência, e os batalhões de elite, como Operações Especiais, Ações com Cães, Regimento de Cavalaria e de Choque. Este último ficará posicionado em pontos estratégicos ao redor da parada militar, mas só será acionado se houver necessidade. Em Niterói, outro ponto de desfile, também haverá reforço de policiais.

A Polícia Civil colocou todas as delegacias do Centro e as unidades especializadas de prontidão. O Comando Militar do Leste informou que ativará o seu Centro de Coordenação de Operações, que funcionará no Palácio Duque de Caxias, integrando as ações necessárias ao andamento do desfile, bem como a segurança, inteligência e logística.

O CML informou ainda que as Forças Armadas estão aptas a realizar, com amparo legal, ações de autodefesa da integridade física da tropa, do desfile e do patrimônio da União.

Grupo tenta invadir o TJ em protesto contra prisão

Manifestantes e policiais voltaram a se enfrentar ontem no Centro do Rio. A prisão de três integrantes dos Black Blocs, na quarta-feira, levou, ontem à tarde, cerca de 100 manifestantes para a frente do Tribunal de Justiça. Gritando palavras de ordem, eles exigiam a soltura dos administradores da página do grupo no Facebook. Para driblar a lei, que proibiu o rosto coberto, os ativistas foram paras as ruas com máscaras de carnaval.

Um grupo tentou segurar as portas automáticas do Fórum, que foram fechadas pelos seguranças do TJ. Uma das portas apresentou defeito e ficou entreaberta. Um manifestante sofreu fratura no dedo. Os ativistas chutaram e atiraram ovos e pedras contra a entrada do prédio. Na confusão, policiais e manifestantes trocaram chutes e socos. O grupo tentou bloquear o trânsito na Rua Primeiro de Março, mas foi impedido pela polícia. De lá, seguiram pela Avenida Rio Branco até a Câmara dos Vereadores, onde se juntaram a outros manifestantes.

Confronto: manifestantes tentaram invadir o Tribunal de Justiça mas foram impedidos por seguranças Alexandre Brum / Agência O Dia

Nesta sexta, policiais da Delegacia de Repressão aos Crimes de Informática (DRCI), conseguiram na 27ª Vara Criminal de Justiça a prisão preventiva dos três acusados de formação de quadrilha.

MANIFESTAÇÃO EM FRENTE AO CONSULADO AMERICANO

Um grupo liderado por integrantes da União da Juventude Socialista do Rio de Janeiro fez manifesto ontem contra o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, em frente ao consulado americano, na Avenida Presidente Wilson, no Centro. Os jovens protestaram contra a espionagem dos EUA sobre o governo brasileiro e uma possível intervenção militar na Síria.

Os manifestantes jogaram tinta vermelha nos fradinhos que ficam em frente ao consulado. Segundo eles, a ação foi um ato de repúdio contra a ‘violação da soberania dos povos e o imperialismo americano’. “Fizemos intervenção cultural, usando o vermelho como símbolo para mostrar o derramamento de sangue que os EUA promovem no mundo”, disse o presidente do movimento, Daniel Iliescu, de 28 anos.

Segundo ele, o momento hoje é ideal para que a juventude brasileira se posicione, aproveitando os movimentos sociais no país. “Estamos mais engajados e atuantes que no passado”, reconheceu. “ O jovem acredita que a internet é um facilitador para todo mundo, inclusive para o fortalecimento da democracia. Infelizmente, a propriedade dos grandes canais da internet é toda dos americanos”, acrescentou o líder do grupo.

Grupo derramou tinta vermelha nos fradinhos em frente ao consuladoAndré Mourão / Agência O Dia

Daniel afirma que o Brasil está refém dos interesses internacionais, quando a própria presidenta da República, Dilma Rousseff, é alvo de espionagem americana. “Os EUA monitoram os governos, não é de hoje, e financiam boicotes aos países que são contrários aos seus interesses. A América Latina sempre foi o laboratório dos americanos”, disse Daniel.

Neste sábado, às 9h, jovens socialistas participam junto com outros grupos de um movimento na Rua Uruguaiana, no Centro, chamado de ‘O Grito dos Excluídos’.

Acampamento no Leblon é desfeito, por ‘decisão estratégica’, diz grupo

Após 40 dias, cerca de 25 pessoas que estavam acampadas nas imediações do prédio onde mora o governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), deixaram suas barracas de camping na madrugada de ontem, no Leblon. Segundo a Polícia Militar, eles saíram espontaneamente. Faixas de palavras de ordem, tapumes e cadeiras usados pelos ativistas foram deixados pelos manifestantes no local.

Na página do Facebook do movimento ‘Ocupa Cabral’, o grupo que ocupou o espaço desde 28 de julho, afirma ter deixado o local “para descansar”, mas garante que pretende participar de manifestações hoje: “Foi uma decisão estratégica, todos precisam estar focados e bem preparados para o 7 de Setembro.”

A saída foi festejada por moradores do Leblon. Segundo eles, o grupo gritava palavras de ordem e cantava músicas durante a madrugada. A ocupação começou no dia 21 de junho. Em 8 de julho, eles foram retirados pela PM, mas voltaram a acampar no dia 28 daquele mês. Nesse período fizeram diversas manifestações no local.

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