Rio - Em meio à dor de perder o pai de forma ainda não esclarecida pela polícia, as portas do mundo da moda se abrem para que um novo talento possa nascer. Anderson Gomes, filho do ajudante de pedreiro Amarildo de Souza, desaparecido desde 14 de julho, foi convidado e aceitou participar de um desfile-protesto, na segunda-feira da semana que vem, no shopping Fashion Mall.
Com 1,83m e 83 quilos, o rapaz negro e de olhos azuis vai estrear nas passarelas aos 21 anos. Ele soube do convite para através de Michele Dias, sua prima. Tudo começou quando uma mulher se encantou com sua beleza e sugeriu a um amigo, da agência 40° Models, que o convidasse para um teste.
“Foi a primeira vez que fiz fotos como modelo e fiquei bastante nervoso por não ter experiência. Mas eles gostaram e me chamaram para desfilar”, comemora Anderson.
Segundo o jovem, esta não foi a primeira vez que alguém viu nele o talento necessário para se tornar modelo. Na Igreja de São Conrado, onde trabalhava, os elogios eram constantes. “Sempre me disseram que eu tinha um bom porte e levava jeito para ser modelo, mas eu não levava a sério”, disse Anderson, garantindo que esta não será sua única participação nas passarelas e que já está mudando seus hábitos.
“Estou me dedicando, malhando e me alimentando melhor. Pretendo seguir a carreira de modelo”, afirma o jovem.
À espera do recurso
Enquanto Anderson sonha com a carreira de modelo, sua mãe Elizabete Gomes ainda luta para que Amarildo tenha a morte reconhecida. O primeiro pedido de certidão de óbito foi negado pela Justiça e João Tancredo, advogado da família, entrou com um recurso. “Já recorremos e acredito que uma nova decisão deva sair em 20 dias”, revela o advogado.
Reconstituição na Rocinha
A Delegacia de Homicídios realizou neste domingo, a partir da Rocinha, a segunda etapa da reconstituição do desaparecimento de Amarildo. Desta vez, polícia refez todo o trajeto feito pela viatura usada pelos PMs que levaram Amaraildo à sede da UPP na noite em que o ajudante de pedreiro desapareceu.
A Delegacia de Polícia Judiciária Militar também participou da encenação a convite de Rivaldo Barbosa, da DH. “Não há qualquer problema em juntar as duas polícias, pois o objetivo é descobrir a verdade e respeitar as pessoas envolvidas no caso”, afirmou.