Por cadu.bruno

Rio - Não bastasse a dor de perder o único filho de forma trágica, a dona de casa Rita de Cassia Coimbra Neves vem travando uma batalha para limpar a ficha do tenente do Corpo de Bombeiros Rodrigo José Neves Groetaers, de 22 anos. O militar desapareceu em fevereiro de 2012, em Bangu, e, segundo a Polícia Civil, foi morto por um traficante da Vila Vintém. Mas, como o cadáver jamais foi encontrado, o oficial é considerado por sua corporação um desertor.

“É muito humilhante. Meu filho fez três anos de academia para falarem que ele é desertor e fazerem isso com a memória dele. Eles (o Corpo de Bombeiros) sabem que a polícia já concluiu o inquérito que constatava a morte”, diz Rita de Cássia, chorando.

Ao lado de um colega militar%2C o tenente Rodrigo José Neves Groetaers posa com a farda dos BombeirosÁlbum de família

O caso foi investigado pela Divisão de Homicídios (DH). Um mês depois do desaparecimento, Dona Rita recebeu a visita de policiais e bombeiros em sua casa, em Jacarepaguá. “No dia 12 de março estiveram aqui o delegado Rivaldo (Barbosa, titular da DH) e mais algumas pessoas da polícia e dos bombeiros para me darem a notícia de que ele tinha sido morto por um traficante”, conta a mãe do militar, que espera uma posição dos Bombeiros.

“O que mais me revolta é não me darem resposta. Não precisam me pagar nada, mas não sujem a memória do meu filho como desertor. Ser bombeiro era o sonho do Rodrigo. O que me restou foi isso”.

Corporação diz não ter sido notificada sobre morte

Procurado pela reportagem, o Corpo de Bombeiros deu sua posição sobre o caso. Por meio de nota da assessoria de imprensa, a corporação afirma não ter sido notificada pela polícia da morte do tenente Rodrigo Groetaers e por isso não pode mudar a condição de desertor do militar.

“No caso do tenente citado, existe um processo de deserção na Auditoria de Justiça Militar. Sobre a informação da declaração de morte, a corporação ainda não foi notificada pela Justiça nem pela Polícia Civil”, diz a nota.

A mãe do tenente, no entanto, rebate a corporação. “Quando os policiais estiveram na minha casa para comunicar a morte havia bombeiros juntos. Oficiais, enfermeiros e até ambulância. Como então podem não ter sido notificados?”, indaga Dona Rita.

Polícia Civil à disposição

Segundo a Polícia Civil, o inquérito que apurou o desaparecimento e a morte de Rodrigo foi enviado ao Ministério Público. Sobre a posição dos Bombeiros, a assessoria da Policia Civil, em nota, informa que foi enviado à corporação relatório sobre a investigação e completa dizendo que o delegado Rivaldo Barbosa está à disposição para quaisquer esclarecimentos que sejam necessários.

Entrou em rua errada

O desaparecimento de Rodrigo aconteceu no dia 12 de fevereiro de 2012. Ao sair de uma festa em Bangu, ele tomou o caminho errado para casa, na Praça Seca, e acabou entrando na Vila Vintém. O militar foi confundido com um miliciano e morto pelo traficante conhecido pelo vulgo de ‘Piranha’. Um mês depois, o bandido foi morto pelo sogro, e sua esposa procurou a polícia e contou os detalhes da morte do militar.

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